Exame | 1 de fevereiro de 2022 - 11:15 CURA DA AIDS?

Nova vacina contra o HIV começa a ser testada em humanos

Fotos: iStock / Reprodução

Mais um passo rumo à cura do HIV! Na última quinta-feira (27), a empresa de biotecnologia americana Moderna e a International Aids Vaccine Initiative anunciaram que as primeiras doses de uma vacina contra a Aids foram administradas a humanos.

A vacina usa tecnologia de RNA mensageiro, como a Pfizer utilizou para o imunizante contra o novo coronavírus.

Nesta primeira fase, realizada nos EUA, 56 adultos saudáveis sem HIV foram vacinados para estudos preliminares.

A comunidade científica busca uma cura para o vírus da imunodeficiência humana há décadas – doença que ainda mata centenas de milhares de pessoas todos os anos.

De acordo com a Moderna, o objetivo da vacina em teste é estimular a produção de um determinado tipo de anticorpo (bnAb), capaz de atuar contra as inúmeras variantes circulantes do HIV, o vírus causador da Aids.

Com a tecnologia de RNA mensageiro (mRNA), a vacina visa “educar” as células B, que fazem parte do nosso sistema imunológico, e ensiná-las a produzir esses anticorpos.

Na fase 1 da imunização, feita com 56 pessoas sem o vírus, o ensaio testará a injeção de um antígeno, ou seja, uma substância capaz de induzir uma resposta imune, e um antígeno de reforço injetado em um segundo momento.

“A produção de bnAbs é amplamente considerada um alvo da vacinação contra o HIV, e este é um primeiro passo nesse processo”, disse a empresa em comunicado.

“Serão necessários outros antígenos para guiar o sistema imunológico no caminho certo, mas essa combinação de aplicação e reforço pode ser o primeiro componente-chave de um potencial esquema de vacina contra o HIV”, disse David Diemert, cientista principal da pesquisa, sediada na Universidade George Washington.

A busca pela cura conta com diversos parceiros, como a International Aids Vaccine Initiative (IAVI), o Scripps Research Institute, a Fundação Bill & Melinda Gates, o Instituto Nacional de Doenças Infecciosas (NIAD) dos Estados Unidos e da Moderna.

São anos de estudos e avanços graduais: no ano passado, por exemplo, um primeiro teste, que não usou RNA mensageiro mas utilizou o primeiro antígeno, mostrou que a resposta imune desejada foi obtida em várias dezenas de participantes. O próximo passo foi trabalhar junto à Moderna.

“Dada a velocidade com que as vacinas de RNA mensageiro podem ser produzidas, esta plataforma oferece uma abordagem mais flexível e responsiva para testar e projetar uma vacina”, destacou o comunicado.

“A busca por uma vacina contra o HIV é longa e difícil, e ter novas ferramentas em termos de antígenos e plataforma pode ser a chave para um rápido progresso”, disse Mark Feinberg, diretor da IAVI.