CNN Brasil | 24 de janeiro de 2022 - 08:30 MEIO AMBIENTE

O número médio anual de relâmpagos do país aumentará para 100 milhões

O Brasil lidera o mundo em incidência de raios com média de 77,8 milhões de registros por ano

O Brasil lidera o ranking mundial de incidência de raios, com média de 77,8 milhões de registros por ano. No entanto, esse número é pequeno quando comparado ao total registrado nos últimos dois anos. Em 2021, ocorreram 154 milhões de raios no Brasil.

Em 2020 foram 126 milhões de raios. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o Brasil deverá sofrer uma média de 100 milhões de relâmpagos por ano até o final do século. Segundo Osmar Pinto Júnior, coordenador do Grupo de Eletricidade Atmosférica do Inpe, as mudanças climáticas afetam o fenômeno porque "as tempestades e os raios aumentam devido à umidade do ar e às altas temperaturas". Ele acrescentou que as taxas são ainda maiores na primavera e no verão, as estações mais propensas a esses fenômenos.

A liderança do Brasil no ranking anual de incidência de raios não é pouca coisa. Em segundo lugar está a República Democrática do Congo, onde ocorrem 43,2 milhões de raios por ano. Em terceiro estão os Estados Unidos com 35 milhões de raios por ano, seguidos pela Austrália (31,2 milhões), China (28 milhões) e Índia (26,9 milhões).

Sobre a incidência de raios observada no final do século 21 no Brasil, o coordenador do Inpe explica que, segundo a literatura, ela foi feita a partir da relação dos raios com algumas condições meteorológicas previstas pelos Modelos Climáticos Globais (MCG).

“Estes modelos, diferentemente dos modelos meteorológicos rotineiramente utilizados na previsão do tempo, permitem estimar as condições meteorológicas para períodos mais distantes, da ordem de décadas. Para minimizar as incertezas nos resultados gerados pelo MCG, rodamos o modelo 12 vezes considerando pequenas diferenças na evolução das condições ambientais e calculamos a média dos resultados”, disse ele à Agência Brasil.

O estudo, acrescenta o coordenador, utiliza um cenário de emissões de gases do efeito estufa que “corresponde a não haver nenhuma mudança significativa nas emissões” nas próximas décadas, o que hoje parece, segundo ele, ser o mais provável.

“Neste cenário é esperado um aumento da temperatura média global de quatro graus Celsius até o final do século, em relação ao período de 1961 a 1990”, acrescenta. Ainda segundo o especialista, “o padrão geral da distribuição geográfica dos raios no país não deve se alterar até o final do século, com a região norte mantendo a maior incidência e a região nordeste a menor incidência”.

A expectativa é de que as maiores altas na ocorrência de raios ocorram na Região Norte (50%). Já a Região Nordeste deve sofrer pequeno crescimento (10%). “As demais regiões devem ter aumentos na ocorrência de raios entre 20% a 40%. Aumentos maiores podem ocorrer em pequenas regiões localizadas”, acrescentou.

“Dessa forma, a atual incidência de 70 milhões de raios por ano no país deve aumentar para 100 milhões de raios por ano”, completou.