A casa de reza do povo Guarani Kaiowá, que fica na Aldeia Tekoha Guapo'y, em Amabai, a 352 quilômetros de Campo Grande, na região sul do estado, foi totalmente destruída na noite do último sábado (2), de acordo com uma denúncia da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), que alega que o incêndio não foi um acidente, mas sim, criminoso. 

“Estamos tristes porque é nosso templo sagrado. Com muito sacrifício erguemos e agora num piscar de olho foi queimado”, lamentou Elizeu Guarani, cacique e coordenador executivo da Apib e da Assembleia Geral do povo Kaiowá e Guarani (Atyguasu).

O chefe indígena também acredita que o crime foi motivado por intolerância religiosa, pois várias ameaças vinham sendo feitas contra a etnia. “Vínhamos sofrendo ameaças constantes de pessoas que não respeitam nossas tradições”, afirmou Elizeu, sem no entanto, entrar em detalhes.

A Polícia Civil de Amambai abriu inquérito para apurar as causas do incêndio, mas não há suspeitos ou causas do fato identificados até a conclusão desta reportagem.

O incêndio foi o segundo registrado no estado em pouco mais de um mês, sendo que o primeiro foi no dia 19 de agosto, na casa de reza da aldeia Rancho Jacaré, em Laguna Carapã, também no sul do estado. Desde 2019 esses incêndios vêm ocorrendo, já tendo atingido aldeias de Rio Brilhante, Dourados e Tacuru. 

De todos esses, apenas um foi resolvido, com seguranças de uma fazenda vizinha sendo apontados como autores e uma declaração de um produtor rural dizendo que índios invadido sua propriedade e destruído parte de uma plantação de milho, o que leva a crer que o incêndio na casa de reza teria sido uma represália pela suspeita do fazendeiro. O caso segue sob investigação da Fundação Nacional do Índio (Funai).

Confira o vídeo do incêndio: