Extra | 22 de julho de 2021 - 16:04 SELEÇÃO OLIMPICA

Brasil ameaça passeio em estreia contra a Alemanha, mas desperdiça chance de goleada histórica

O Brasil esteve perto de atingir esse objetivo logo na estreia diante da Alemanha, na manhã desta quinta-feira

Richarlison comemora Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Sabe aquela apresentação que traz os torcedores para perto, e gera a curiosidade necessária para fazer da seleção brasileira masculina de futebol uma grande atração na Olimpíada? O Brasil esteve perto de atingir esse objetivo logo na estreia diante da Alemanha, na manhã desta quinta-feira. Com atuação vistosa no início, amassou o adversário menos experiente, encaminhou a vitóra com autoridade, mas desperdiçou a oportunidade de golear: 4 a 2, sem o baile que todos esperaram após início avassalador.

O grande personagem do jogo foi o atacante Richarlison, autor dos três primeiros gols do Brasil, nos trinta minutos iniciais. Aos 46, Matheus Cunha perdeu pênalti, e na etapa final, mesmo com um jogador expulso, a Alemanha diminuiu. Quando a seleção brasileira baixou o ritmo, já havia tido um caminhão de chances desperdiçadas. Nas poucas que tiveram, os alemães aproveitaram, com Amiri, em falha de Santos, e Ache, no fim. O gol de Paulinho em contra-ataque derradeiro amenizou a frustração.

Líder do grupo D com três pontos, o Brasil enfrenta a Costa do Marfim no domingo. E terá outra chance de empolgar novamente o torcedor. A de revidar o 7 a 1 sobre a Alemanha, que ficou marcado na Copa do Mundo de 2014, passou.

O jogo

A forma como o Brasil se impôs em campo sobre a Alemanha foi a grande notícia para uma seleção formada às pressas, sem tanto tempo de treino. As ideias de André Jardine estavam ali, assimiliadas, e organizadas em uma estrutura de jogo com a cara do futebol brasileiro. Alta intensidade, marcação na saída de bola, e toques rápidos na construção das jogadas.

Por outro lado, um meio-campo e uma defesa com capacidade técnica tanto para manter a posse quanto para retomá-la com rapidez. Assim, o Brasil se sobressaiu na experiência de Daniel Alves, na inteligência de Bruno Guimarães, na força e técnica de Richarlison e Matheus Cunha, e na velocidade de Antony e Claudinho.

Com uma defesa alta e lenta, a Alemanha não encontrou o ataque brasileiro, que em tabelas ou lançamentos conseguiu levar vantagem e criar situações seguidas de gol. A seleção produziu um total de 24 finalizações na partida. Ao menos em grandes chances, o placar foi de 7 a 1.

A postura tática da equipe de André Jardine priorizou a força de seus atacantes num esquema 4-4-2. Cunha e Richarlison se revezavam por dentro e tinham o apoio de Antony na direita e Claudinho na esquerda. A chegada forte com Bruno Guimarães era essencial. E todos tinham funções táticas defensivas.

No primeiro gol, Cunha roubou abola no meio, Antony deu bela enfiada na diagonal, e Richarlison precisou de duas finalizações para vencer o goleiro alemão, após movimento do centro para a direita. Na sequência, a jogada veio pela esquerda. Claudinho começou a trama, mas foi Bruno Guimarães que esticou a bola para Arana, que subiu muito mais do que Daniel Alves. O lateral colocou a bola na cabeça de Richarlison. O terceiro gol mostrou a versatilidade do atacante, que costurou da esquerda para dentro da área, e acertou o canto oposto. O Brasil mostrava repertório, e a goleada parecia questão de tempo.

Mas Matheus Cunha e a sua inexperiência ilustraram um pouco o motivo dela não acontecer. Em duas chances, o atacante poderia ter tocado, mas preferiu finalizar, e errou. No pênalti nos acréscimos do primeiro tempo, telegrafou o chute, defendido pelo goleiro Müller. A esta altura a seleção já variava sua intensidade, e controlava bem a Alemanha.

As mexidas no segundo tempo deram nova dinâmica ao jogo. Mesmo após a expulsão de Arnold, os alemães avançaram suas linhas e conduzidos por Amiri, levaram algum perigo. O meia acertou chute travado na entrad da área que pegou Santos desprevenido. O gol animou os atuais campeões sub-21 da Europa. E o técnico Stefan Kuntz colocou o time para frente no fim. A estatura elevada enfim surtiu efeito, em bola cruzada que Ache aproveitou a poucos minutos do fim do jogo. O susto serviu para o Brasil acordar. Bruno Guimarães conseguiu outro passe longo para Paulinho, que havia entrado ao lado de Malcom e Reinier. O atacante tocou no ângulo. Bastaram alguns minutos de retomada da intensidade para resolver a partida. O desafio agora é dosar essa postura sem assumir riscos e proporcionar um jogo mais regular e digno de acompanhar até o fim.