G1 | 2 de dezembro de 2020 - 09:36 AUMENTO DE CASOS

Mortes por Covid tiveram queda menor em novembro do que em outubro, indicam secretarias de Saúde

Foram 13,2 mil mortes pela doença no mês passado, segundo dados levantados pelo consórcio de veículos de imprensa. Apesar de queda em relação a outubro, diminuição é menor que a vista nos dois últimos meses.

Monja budista reza em uma cerimônia japonesa antes de soltar lanternas na água em Brasília com nomes de pessoas que morreram de Covid-19, no dia 30 de novembro. - Foto: Adriano Machado/Reuters

O Brasil fechou o mês de novembro com 13.263 mortes pela Covid-19, mostram dados apurados pelo consórcio de veículos de imprensa junto às secretarias de Saúde do país.

É o segundo mês seguido que o país termina com menos de 20 mil mortes pela doença, e o quarto consecutivo em que há queda no número de óbitos.

A diminuição percentual nas mortes, entretanto, foi menor de outubro para novembro do que de setembro para outubro.

Mortes por Covid-19 por mês no Brasil

É a primeira vez em que a queda percentual de um mês para o outro é menor do que a vista nos dois meses anteriores:

De julho para agosto, as mortes caíram 9% (julho foi o mês da pandemia com maior número de mortes no país. De agosto para setembro, a queda foi de 22%. De setembro para outubro, de 28%. De outubro para novembro, de 17%.

"A queda já não é mais tão marcante, como foi na virada de mês passado. E infelizmente, com os números mais recentes, na próxima virada de mês nem sabemos se teremos queda", afirma o epidemiologista e reitor da Universidade Federal de Pelotas Pedro Hallal.

O dado referente a novembro foi calculado subtraindo-se as mortes totais no dia 31 de outubro (159.902) do total de mortes até segunda-feira (30 de novembro), que era de 173.165 até as 20h. Os números dos meses anteriores foram determinados com a mesma metodologia.

Aumento do contágio

A taxa de transmissão do coronavírus alcançou, no mês passado, o índice mais alto desde maio: 1,30, antes de cair novamente nesta semana, para 1,02. Isso significa que cada 100 pessoas infectadas no país transmitem o vírus para outras 102. Na prática, simboliza um avanço no contágio da doença.

MATEMÁTICA: Crescimento exponencial e curva epidêmica: entenda os principais conceitos matemáticos que explicam a pandemia de coronavírus

Segundo a margem de erro do monitoramento britânico, a taxa de transmissão no país pode ser maior (Rt de até 1,11) ou menor (Rt de até 0,94). Nesses cenários, cada 100 pessoas com o vírus infectariam outras 111 ou 94, respectivamente.

Na segunda-feira (30), a Organização Mundial de Saúde (OMS) disse que o Brasil "precisa levar muito, muito a sério" a alta no número de casos de Covid-19.

Casos de SRAG

Foto mostra profissional de saúde em UTI no Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Porto Alegre, no dia 19 de novembro. — Foto: Diego Vara/Reuters

Também em novembro, a Fiocruz indicou, pela primeira vez desde julho, um aumento nos casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) em todo o território nacional. Antes, esse cenário só era sinalizado para algumas capitais.

A SRAG pode ser causada por vários vírus respiratórios, mas, neste ano, cerca de 98% dos casos da síndrome têm sido provocados pelo Sars-CoV-2, segundo a Fiocruz. Por isso, os dados ajudam a entender o cenário apesar do atraso na confirmação de testes diagnósticos, por exemplo.

Doze das 27 capitais brasileiras tiveram sinal moderado ou forte de que houve crescimento de casos nas 6 semanas anteriores ao boletim: Belo Horizonte, Campo Grande, Maceió e Salvador tiveram sinal forte; Curitiba, Natal, Palmas, Plano Piloto de Brasília e arredores, Rio de Janeiro, São Luís, São Paulo e Vitória tiveram sinal moderado de crescimento.

Metodologia

O consórcio de veículos de imprensa começou o levantamento conjunto no início de junho. Por isso, os dados mensais de fevereiro a maio são de levantamentos exclusivos do G1. A fonte de ambos os monitoramentos, entretanto, é a mesma: as secretarias estaduais de Saúde.

Outra observação sobre os dados é que, no dia 28 de julho, o Ministério da Saúde mudou a metodologia de identificação dos casos de Covid e passou a permitir que diagnósticos por imagem (tomografia) fossem notificados. Também ampliou as definições de casos clínicos (aqueles identificados apenas na consulta médica) e incluiu mais possibilidades de testes de Covid.

Desde a alteração, mais de mil casos de Covid-19 foram notificados pelas secretarias estaduais de Saúde ao governo federal sob os novos critérios.