Ric Mais | 20 de agosto de 2020 - 14:51 LAPSO

Hospital se confunde e vitima de coronavirus é velada com caixão aberto

No atestado de óbito do homem, de 45 anos, o hospital informou que ele morreu de pneumonia, mas resultado de exame apontou coronavírus.

Uma confusão por causa do hospital acabou com um velório de uma vítima do coronavírus sendo feito com caixão aberto em Ponta Grossa, nos Campos Gerais, nesta quarta-feira (19). A família não sabia que o homem tinha morrido da doença, pois o atestado de óbito informava pneumonia. O caixão teve que ser fechado e o velório suspenso.

Foto: Reprodução/aRede.

Segundo o Hospital Universitário de Ponta Grossa (HU-UEPG), onde o homem de 45 anos morreu, não havia sinais de infecção pelo coronavírus, mas ainda assim foi realizada a coleta de material para realização do teste PCR, conforme determina o protocolo. O resultado do exame, positivo para coronavírus, foi divulgado enquanto a família já estava velando o corpo.

Veja abaixo o relato da mãe do homem, que contou sobre como foi todo o processo de encaminhamento do filho ao hospital. O registro é de Márcio Lopes:

Com a informação, a família concordou em fechar o caixão e suspender o velório. Segundo o hospital, em nota, o paciente já tinha testado positivo no dia 13 a partir de material coletado na UPA onde procurou o primeiro atendimento, mas a informação não tinha sido repassada ao hospital. 

Por outro lado, ao portal aRede, a Fundação Municipal de Saúde (FMS) se manifestou sobre o caso, que entrou no relatório municipal como o 31º óbito provocado pela covid-19 em Ponta Grossa. Segundo a prefeitura, o resultado do exame constava no sistema oficial do Laboratório Central do Estado (Lacen) e a informação estava à disposição da equipe do HU-UEPG. 

Ainda conforme a prefeitura, todas as pessoas que estiveram no velório entraram no monitoramento do município. Além disso, todo o local receberá desinfecção. Essa, porém, é a segunda vez que um velório de vítima do coronavírus é feito com caixão aberto em Ponta Grossa. Em julho, outra situação ganhou repercussão.

Prefeito se pronuncia sobre polêmica

A repercussão do caso foi tamanha que até o prefeito, Marcelo Rangel (PSDB), se manifestou sobre o assunto. Em seu programa de rádio na manhã desta quinta-feira (20), o prefeito destacou que o maior risco de contágio não está necessariamente no falecido, mas sim no contato entre as outras pessoas que frequentam a cerimônia. “A pessoa que está sendo velada não respira, não tem o contato direto com ninguém, exceto quem está ali naquele momento mais triste, chegando próximo ao falecido”, disse o gestor municipal.

Rangel também comentou que, na sua opinião, o velório deveria ter maior flexibilização para que a família tenha oportunidade de dar adeus ao ente querido. “Essa doença é a mais terrível justamente pelo fato de não poder se despedir de um pai, avô ou um filho, a pessoa é ensacada, lacrada e vai direto para o fundo da terra”, relatou o chefe do Executivo. Ele também afirmou que está “pensando em fazer novo protocolo” de orientações para esse tipo de cerimônia.

De acordo com o prefeito, não haveria problemas se as pessoas que frequentam o velório se protegerem com máscaras e evitarem abraços, além de deixar o caixão fechado. “Você está exposto ao vírus com as pessoas vivas, a pessoa que está conversando com você é mais perigosa do que aquela que já não está mais entre nós”, voltou a afirmar o gestor.