Vacinas mostram resultado promissor, mas especialistas pedem cautela
Testes preliminares mostram que as duas vacinas, uma britânica e uma chinesa, são seguras e induzem a resposta imune contra o novo coronavírus, Sars-Cov-2, que provoca a Covid-19.
Nesta segunda-feira (20), duas vacinas contra a Covid-19 - a de Oxford e da chinesa CanSino - apresentaram resultados positivos em estudos preliminares. Ambas apresentaram resposta imune ao vírus e bons índices de segurança.
Os resultados são dos ensaios clínicos ainda em fase preliminar (fase 1 e fase 2). É no ensaio de fase 3, com um número maior de participantes, que a eficácia da vacina é comprovada em uma população maior, antes de considerar sua comercialização em larga escala.
Abaixo, veja a avaliação de médicos e cientistas sobre quais as perspectivas que os resultados apontam.
Roberto Medronho, infectologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sobre a vacina de Oxford:
“Ela tem o poder de produzir imunidade nas pessoas que tomaram a vacina. Mas, agora, neste momento, o que está sendo realizado inclusive com o Brasil participando, que é a fase 3, é que será a pesquisa decisiva para o uso em larguíssima escala da vacina. E aí entraríamos no que a gente chama a fase 4, que é a fase pós-comercialização”.
Jamal Suleiman, infectologista do Instituto Emílio Ribas, sobre a vacina de Oxford:
“É muito importante, porque isso é ciência, esse é o tempo da ciência. Então, os dados preliminares desse artigo que acabou de ser publicado online na Lancet, cujo autor, o primeiro deles inclusive, que é o Pedro, é um médico brasileiro, que se encontra lá, e por acaso é um ex-residente meu, então, é um prazer imenso tê-lo em um grupo tão importante quanto esse”, disse Jamal Suleiman.
Alberto Chebabo, infectologista e membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Infectologia
“A vacina está muito mais adiantada em termos de pesquisa, de evolução, do que uma medicação”, disse o infectologista Alberto Chebabo.
Chrystina Barros, pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
“O mundo está vendo uma vacina ser desenvolvida em tempo recorde. A gente antes disso tinha a vacina da Mers desenvolvida em 4 anos. É claro que por falarmos de uma vacina de uma família de vírus, que já havia uma vacina, anterior, isso facilita. Tudo faz a gente ter mais otimismo, mas a gente continua tendo sim que ter cautela. Até chegar na fase final, fase 3, em que as pessoas tomem a vacina, a gente tem que ter muito cuidado, mas a comunidade científica de uma forma geral está bem otimista”, avalia Chrystina Barros, pesquisadora da UFRJ