Redação Fátima News | 27 de mar�o de 2020 - 09:37 WAGNER CORDEIRO CHAGAS

Um presidente pra lá de polêmico

Será que o mundo está totalmente errado em fazer as quarentenas e manter os cuidados, e apenas o governo federal brasileiro está certo?

Professor Wagner Cordeiro Chagas (arquivo pessoal)

O Brasil tornou-se uma república no dia 15 de novembro de 1889 e, ao longo

desses 130 anos, teve entre seus 37 presidentes e 1 presidenta, pessoas que se

destacaram por diversas características. Na chamada Primeira República ou República

Velha (1889-1930), tivemos o primeiro vice-presidente a assumir a vaga deixada pelo

titular Deodoro da Fonseca (Floriano Peixoto/1891-1894). O primeiro negro presidente,

que também era vice e assumiu devido à morte do presidente Afonso Pena (Nilo

Peçanha/1909-1910). Um presidente que já havia governado entre 1902 e 1906, e ao ser

eleito para um novo mandato, em 1918, morreu antes de tomar posse por causa da gripe

espanhola (Rodrigues Alves).

Entre 1930 e 1945, teve Getúlio Vargas que, no início, foi autoritário e 7 anos

mais tarde mostrou sua face ditatorial. Ao retornar ao poder, adotou postura

democrática, de 1951 a 1954, quando tirou a própria vida com um tiro no coração. Seu

suicídio causou comoção nacional e ajudou a eleger seu afilhado político Juscelino

Kubitschek (1956-1961), aquele que tirou do papel um sonho dos tempos da

colonização portuguesa de transferir a capital nacional para o interior do Brasil. O

seguinte, Jânio Quadros (1961), sul-mato-grossense de Campo Grande, renunciou 5

meses após a posse pensando que o povo exigiria seu retorno à função.

Durante a Ditadura Militar (1964-1985), um ditador que posou com cara

amarrada para a foto oficial e em cujo governo mais se exterminou pessoas que

combatiam o regime ditatorial (Garrastazu Médici/1969-1973). Outro ditador que dizia

preferir o cheiro de seus cavalos ao cheiro do povo e cujo governo foi um desastre

econômico deixando uma herança de descontrole inflacionário (João Figueiredo/1979-

1985).

No retorno dos ventos democráticos, tivemos novamente um caso de presidente

que morreu antes da posse, Tancredo Neves. Sua morte, em 1985, comoveu grande

parte da população que por meses orou por sua vida. Entre 1990 e 1992, fez sucesso o

mais jovem presidente da história, com 40 anos de idade, que confiscou a poupança dos

cidadãos, o que levou muitos ao desespero e ao falecimento. Mais tarde, ele se tornou o

primeiro a sofrer um impeachment por escândalos de corrupção (Fernando Collor).

1 Mestre em História pela UFGD, professor em Fátima do Sul e militante sindical.

 

Novamente um vice na história, Itamar Franco, de 1992 a 1994, criou o Plano Real e fez

desaparecer um grande terror que afligia a vida dos brasileiros, a inflação descontrolada.

O único escândalo de seu curto governo foi aparecer ao lado de uma jovem que não era

acostumada a usar calcinha, numa noite do carnaval carioca de 1994. O sociólogo que

criou a lei da reeleição e foi o primeiro a ficar 8 anos no poder (Fernando

Henrique/1995-2002); o primeiro ex-operário a exercer o cargo máximo da nação e que

conseguiu realizar importantes avanços sociais num país que desde a colonização é tão

excludente. Entretanto, infelizmente teve uma gestão marcada por graves escândalos de

corrupção (Lula da Silva/2003-2010). A primeira mulher a administrar a república, e

que ao final do mandato perdeu o controle da situação ao não reconhecer a crise

econômica que se avizinhava no ano de 2014, acabou caindo por meio de uma trama

política articulada por seu vice e setores da oposição e da mídia (Dilma Rousseff/2011-

2016).

No entanto, é possível afirmar que o atual chefe de Estado brasileiro, Jair

Messias Bolsonaro, vem se destacando, desde a posse em janeiro de 2019, como o mais

polêmico da história do País, por suas posições ideológicas de direita conservadora -

conhecidas por muitos antes do pleito de 2018 - seus comentários a respeito de diversos

assuntos, e projetos de lei propostos. Em 2019, polemizou de várias maneiras, por meio

de projetos que colocavam em risco a vida dos cidadãos, como a diminuição de radares

nas rodovias, e a ideia de desobrigar o uso de cadeirinha em veículos para a segurança

das crianças; ao defender a comemoração do golpe militar de 1964, no dia 31 de março,

entre outros absurdos.

Neste início de 2020, com a popularidade em baixa desde o ano passado,

brigado com governadores que o apoiaram, como João Dória (SP) e Wilson Witzel (RJ),

o presidente chamou seus apoiadores às ruas para protestar contra o Congresso Nacional

(eleito pelo povo), com alguns defendendo até o fechamento daquela Casa de leis.

Agora, em plena crise mundial da pandemia do COVID-19 (novo coronavírus), que já

matou, segundo dados da OMS, quase 30 mil pessoas, Jair Bolsonaro torna-se ainda

mais polêmico - ou seria ignorante - com um discurso que minimiza os efeitos dessa

doença para o Brasil, pensando mais na questão econômica (o que não deixa de ser uma

preocupação de todos) do que na saúde de nossa gente. No pronunciamento da última

terça, o presidente não falou sequer uma palavra de conforto aos familiares dos mortos

no País em decorrência da doença. Não quero entrar aqui na polarização política que

vem marcando esta terra, desde 2014, até porque isso já está cansando. Mas fica aqui

 

uma pergunta para que reflitamos, será que o mundo está totalmente errado em fazer as

quarentenas e manter os cuidados, e apenas o governo federal brasileiro está certo?

Que Deus nos abençoe e conforte os familiares dos que se foram vítimas desta Pandemia.