Extra | 8 de outubro de 2019 - 08:06 NOVELA GLOBAL

Pedófilo da novela lembra alerta dos amigos sobre o papel: Vão querer te bater na rua, te matar'

Quando Ricardo Monastero foi chamado para viver o pedófilo Lauro, em A dona do pedaço, junto à convocação vieram os alertas dos conhecidos.

Lauro é um cara que não se relaciona com ninguém de verdade, diz Ricardo Monastero Foto: reprodução

Quando Ricardo Monastero foi chamado para viver o pedófilo Lauro, em “A dona do pedaço”, junto à convocação vieram os alertas dos conhecidos.

— Ouvi muito: “Vão querer te bater na rua, te matar”. Brinco que sou bom de corrida, mas melhor em argumentos. Se alguém me xingar, o que será uma novidade na minha carreira, vou agradecer porque a pessoa viu uma cena importante. E, claro, direi: “Veja bem, é o Lauro”, o que vai me dar a chance de conversar, que é a melhor coisa do mundo — afirma o ator, de 35 anos.

— Eles disseram que era um personagem pesado, mas que precisavam de alguém que encarnasse essa figura do mal com ares de boazinha. A intenção é justamente conseguir refletir sobre aquela história de que quem vê cara não vê coração, que as meninas estejam atentas de fato a qualquer papinho — enfatiza o artista, pai de duas garotas, uma de 6 a outra de 4 anos: — Lauro é um cara que não se relaciona com ninguém de verdade. Ele se apaixona por uma adolescente porque se vê como ela e pensa que são capazes de viver um romance. No momento em que Cássia (Mel Maia) o faz perceber que eles não são iguais, é uma decepção amorosa. Isso faz o homem aparentemente legal virar um terror.

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Com a tecnologia a mão de todos, o que preocupa o ator é a falta de diálogo em casa.

— Cássia é uma menina que rachou com a família, o cerne de tudo. Tem um pai doce, que poderia ajudá-la, mas ela resolveu fazer a adolescente rebelde. Quando encontra o “ príncipe encantado”, percebe que não é exatamente o que imagina — analisa: — Então, é preciso conversar com os pais, tirar dúvidas. E que o aplicativo seja apenas uma interface de comunicação. E quando estiver na frente de alguém que seja de verdade, que se busque conhecê-la profundamente.

Mas Lauro ainda não sabe que, de predador, ele está prestes a virar presa. Com a ajuda de Merlin (Cadu Libonati), Cássia vai armar uma cilada para o seu algoz. Sua amiga, Alba (Catarina Carvalho) entra no mesmo chat em que ela conheceu o pedófilo para atraí-lo a um encontro. Após muita espera, o criminoso dá as caras com outro nome. “Conversa, tem que dar corda, até ele tentar marcar um encontro”, avisa a filha de Agno (Malvino Salvador). A punição a Lauro, aliás, não é algo questionável na visão do intérprete:

— Lauro é um criminoso, um bandido. Portanto, a pedofilia deve ser exposta como qualquer problema com que a gente precisa se relacionar, como a homofobia, o racismo.... Vamos olhar para isso e lutar para que não aconteça mais, para que as meninas não sejam colocadas em situações constrangedoras.

Pedofilia é pesadelo real

Nos seus sonhos de menina, Cássia, em “A dona do pedaço”, imaginava que viveria o primeiro amor com Lauro (Ricardo Monastero), um homem mais velho que conheceu pela internet. Mas a fantasia da adolescente logo vira pesadelo, afinal, ela cai nas garras de um pedófilo. Aos 15 anos, a atriz vivencia através da ficção um drama real, assustador, que, lamentavelmente, assombra muitas garotas de sua idade.

Lyris (Deborah Evelyn) acompanha Cássia em seu depoimento Foto: Paulo Belote/rede globo/divulgação

— Isso realmente acontece com adolescentes. Procuro fazer as cenas com muita delicadeza, mas não busquei inspiração em nenhum caso específico. Prefiro gravar como se fosse uma história real — diz a artista, que está na reprise de “Avenida Brasil” (2012).

Vítima de uma tentativa de estupro, Cássia escapa ilesa. Fisicamente, é bom que fique claro! A dor deixa marcas na adolescente. Sábia, ela transforma a crueldade pela qual passa em aprendizado:

— Enfrentar esses momentos difíceis faz com que Cássia amadureça.

Quem sabe, com esse drama ela não deixe o preconceito de lado e aceite o fato de seu pai, Agno (Malvino Salvador), ser gay?

— Não ia gostar se meu pai mentisse para mim. Mas ia aceitá-lo porque todas as formas de amor são válidas. As pessoas pegaram ranço de Cássia por causa da atitude dela.