Campo Grande News | 25 de setembro de 2019 - 06:59 GOLPES WHATSAPP

Nóis roba até polícia, diz bandido em golpe pelo Whatsapp na Capital

Foi essa mesma mensagem que toda a lista de contato de empresário da Capital, de 39 anos, recebeu nesta terça-feira (24).

Conversa do golpista com o sobrinho da vítima - Crédito: (Reprodução)

Cada dia mais comuns, os golpes por WhatsApp têm causado transtorno aos usuários do aplicativo em todo o País. Em Campo Grande, empresário teve a conta clonada após clicar em link supostamente enviado pelo OLX, site de classificados. A ousadia dos estelionatários é tão grande, que ao serem descobertos tiram sarro das vítimas e até da polícia. “Nóis roba até polícia”, afirmou o golpista ao ser confrontado.

A conversa começa normalmente, mas logo muda de tom. A história é sempre a mesma: um problema no aplicativo do banco impossibilitou o pagamento de uma dívida e por isso o pedido. “Não consigo fazer transferência para ele, queria ver se você consegue fazer aí para mim, até amanhã eu te devolvo o valor sem falta, se não for atrapalhar”.

Foi essa mesma mensagem que toda a lista de contato de empresário da Capital, de 39 anos, recebeu nesta terça-feira (24). Ao Campo Grande News, a esposa da vítima contou que o golpe começou após um anúncio na internet. “Ele anunciou a venda de um carro no OLX e começou a receber mensagens”.

Por WhatsApp, o empresário recebeu pedido de confirmação de login, supostamente enviado pela OLX. Na correria do dia-a-dia clicou no link e imediatamente perdeu o acesso, não só ao aplicativo, mas de todas as funções do celular. “Ele está bloqueado por 12 horas”, explicou a esposa da vítima.

A partir daí começaram as ligações de familiares e amigos preocupados com o pedido de “empréstimo”. Sem contato com o empresário, os alvos dos estelionatários começaram a ligar para as pessoas mais próximas dele na intenção de ajudar e acabavam descobrindo o golpe.

Para cada contato da lista, os estelionatários usavam um tipo de tratamento e pediam uma quantia diferente. “Para uns pedem R$ 2 mil, para outros R$ 1 mil”. Por mensagem pediam ainda para o depósito ser feito em TED, na conta de uma mulher e se a pessoa se oferecesse para entregar o dinheiro pessoalmente ou questionasse o motivo de não conseguir contato via ligação, a resposta era a mesma: “não estou na cidade”.

Se as vítimas percebem algo, a conversa muda e o golpista afirma que já conseguiu o dinheiro. Foi assim com um dos sobrinhos do empresário, que suspeitou a situação desde a primeira mensagem. Quando o estelionatário “desistiu” e avisado por ele que todos os dados enviados seriam repassados a polícia, debochou. “Nóis roba até polícia”.

Como fugir do golpe

Segundo investigador Michel Neves, especialista em segurança da informação, vários tipos de golpes pode ser aplicados pelo WhatsApp. Diariamente, ele é usado para a disseminação de links maliciosos, para pedido de dinheiro, para propagação de fake News, por falsas prestadoras de serviço e também como meio de obter informações para golpes bancários.

“A primeira medida que o usuário pode tomar para evitar golpes é ativar a verificação em duas etapas. Isso evita o sequestro do WhatsApp. Com essa verificação em duas etapas ele vai precisar de uma segunda senha para ativar essa conta, sem essa senha não consegue acessar”, explicou o investigador em vídeo sobre segurança no Whatsapp, divulgado pela Polícia Civil.

Ainda conforme Neves, o usuário deve sempre desconfiar quando alguém pedir dinheiro, porque pode ser o caso do sequestro do WhatsApp, e também quando uma prestadora de serviço ou uma agência bancária entrar em contato pelo WhatsApp, sem que o serviço tenha sido solicitado.

Conforme dados da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) do dia 1º de janeiro até hoje foram registrados 1.317 casos de estelionato em Campo Grande, se somado aos registros feitos no interior do Mato Grosso do Sul, o número sobre para 4.061. Os tipos de golpes não são detalhados na estatística.