Correio do Estado | 26 de abril de 2019 - 10:50 REFORMA DA PREVIDÊNCIA

Bancada diz que não trocará votos por emendas

Eles prometem lutar por liberação de recursos para investimentos em obras no Estado

Fábio Trad advertiu ser criminoso a proposta de R$ 40 milhões para votar a reforma - Reprodução / Facebook
Os deputados federais de Mato Grosso do Sul não vão votar a reforma da Previdência em troca de valor extra de R$ 40 milhões de emendas até 2022 para investimentos em obras. A divulgação pelo Jornal Folha de São Paulo da investida do Planalto para conquistar votos até causou bate boca e empurra-empurra na sessão na tarde de anteontem na Câmara dos Deputados.

De acordo com o Jornal, o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), teria feito este acordo, supostamente confirmado por líderes partidários de seis legendas  – DEM, PP, PSD, PR, PRB e Solidariedade. O procedimento garantiria aos congressistas um aumento de 65% no valor que cada parlamentar teria direito no Orçamento deste ano. Os representantes têm R$ 15,4 milhões em emendas parlamentares, valor que subiria a R$ 25 milhões com o incremento de R$ 10 milhões até 2022,  totalizando os R$ 40 milhões. 

Este procedimento é desconhecido dos parlamentares do Estado. O  deputado federal Fábio Trad (PSD), que votou pela admissibilidade da Reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça foi enfático: “A bancada do PSD há mais de 2 meses deliberou reforma com ajustes. Eu voto na reforma deste que sejam feitos ajustes”, afirmou. 

“Não acredito que isso (a oferta de R$ 40 milhões) tenha ocorrido. A informação não procede porque as emendas são impositivas, tem alguma coisa errada na matéria. Se for verdadeira, Bolsonaro (Presidente Jair Bolsonaro) cometeu crime”, ressaltou o parlamemtar.

A deputada federal Rose Modesto (PSDB) também enfatizou que uma das prerrogativas do deputado é levar recursos para os Estado, explicando que  “eu desconheço mesmo é a troca. Essa história de quem votar na reforma vai ganhar R$ 40 milhões em investimentos para o seu Estado, não teve esta conversa, não chegou isso para nós”, afirmou. 

Rose esclareceu, ainda, não aceitar participar de barganha para votar matéria de interesse do Planalto. “A barganha em qualquer situação, para este projeto da reforma ou qualquer outro projeto aqui, não aceito. A troca jamais é uma posição minha. Não pode ser recurso para o Estado que vai me convencer como tenho de votar nessa reforma, tem de ser no que eu acredito”, afirmou.

E sobre a reforma da Previdência, Rose disse não votará favorável sem mudanças. “Do jeito que está eu voto contra, a reforma precisa ser ajustada. Meu voto pela reforma não tem nada condicionada em liberar emendas, só que vou atrás do governo em busca de recursos, porque entendo que esta é a missão do deputado”, explicou.

Para o deputado federal Beto Pereira (PSDB) “eu, particularmente não fui abordado com nenhuma oferta e nem soube de nenhum colega parlamentar que também tenha recebido. Porém, acho legítimo na atividade parlamentar irmos atrás de recursos para atender nosso Estado, nossos municípios e principalmente a população”, explicando que “sempre me posicionei a favor da reforma da Previdência. Acho que ela, ressalvo alguns ajustes necessários no texto, é fundamental para a recuperação fiscal do país”.

Também o deputado Vander Loubet (PT) afirmou que “não sei se houve (a oferta), sou oposição. Isso vai desgastar aqueles que tinham condições de votar a favor. Aqueles que se submeterem estão com o carimbo na paleta, como se diz no Estado. Tal oferta mostra o desespero do Governo, que não tem segurança sobre a votação”.