Estudantes universitários de Dourados voltaram à rotina acadêmica na semana passada e já estão enfrentando o dilema das lotações de ônibus. São dezenas de usuários amontoados dentro de veículos com capacidade máxima entre 90 e 136 pessoas.

Na manhã desta terça-feira (19) o Dourados Newsacompanhou o embarque dos alunos a partir das 7h10 já na avenida Guaicurus, via que dá acesso ao campus da Uems (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) e Ufgd (Universidade Federal da Grande Dourados). 

A acadêmica Natália Marcela Paim, estudante no 4° ano do curso de psicologia, contou à reportagem que chega a ficar entre 1h e 1h20 esperando um ônibus com espaço. Ela relata que nos veículos é comum os passageiros irem amontoados até mesmo nas portas. 

“Tem que ter um psicológico muito ajustado para enfrentar essa rotina”, brincou. 

“O pior é que a organização do pessoal também não ajuda. Muitos não vão para o fundo e acaba congestionando na frente”, completou a estudante. 

Natália disse ser comum chegar atrasado na aula. Isso já resultou em perda de prova e registro de falta para ela. 

A dificuldade também é enfrentada pelos estudantes do terceiro ano do curso de enfermagem Denilson Lescano, 21, e Elissandra Marques, 19. Eles utilizam o transporte público desde o início do curso e assim como Natália, disseram chegar atrasados praticamente todos os dias. 

A aula de Denilson e Elissandra inicia às 7h20. Nesse horário o Dourados News ainda conversava com os estudantes. 

No ponto onde eles estavam, sob esquina com a rua Ali Hassam Ghadie, seis carros da concessionária Viação Dourados passaram lotados. Apenas dois tiveram condições de parar para a entrada de poucos, das dezenas de passageiros aguardando embarque. 

O ponto ficou vazio somente após às 7h30. Denilson e Elissandra estavam por lá desde às 6h20.

Algumas quadras dali, o estudante João — não quis identificar o sobrenome —, acadêmico de engenharia agrícola,  relatou que a lotação é uma realidade diária. “Quando os motoristas não conseguem nem mais abrir a porta, eles já passam direto. Nem param”, afirmou. 

Questionado sobre a presença de fiscais de apoio, João foi enfático. “Isso nunca existiu”. 

Ele é usuário do transporte público há três anos. Veio de Ponta Porã para estudar em Dourados e garantiu que a situação só melhora nos finais de semestre.

ALTERNATIVA

E para fugir das lotações, dois acadêmicos, um de psicologia e outro de ciências sociais, contaram à reportagem que preferem pedir carona ao invés de encarar as ‘latas de sardinha’ gigantes. 

Eles, que optaram por não se identificar, afirmaram morar na região do Parque Alvorada. “Quando chegamos aqui no ponto os carros já estão sempre lotados, não tem jeito”, relatou o estudante de psicologia.

Eles contaram que são raras as vezes que precisam voltar para casa por falta de um transporte solidário. 

“A gente sempre vai com o pessoal da faculdade mesmo. E funciona assim, gostou da cara eles estão levando”, brincou.

E O QUE DIZ A VIAÇÃO DOURADOS?

O Dourados News buscou contato com a Viação Dourados para saber os planos de melhorias para o transporte público das linhas que levam os estudantes às universidades. 

Segundo o gerente da concessionária, Marcelo Saccol, todo início de ano é o período para monitorar e analisar as condições do serviço, para então ser aplicada ações de melhorias. 

Conforme Saccol, diariamente cerca de cinco mil estudantes embarcam nos ônibus da Viação Dourados rumo à Uems e UFGD. São ao todo 41 horários de ida e retorno para atender a demanda.

Ele explicou que para solucionar a superlotação nos períodos de pico, mais carros estão sendo colocados nas ruas. 

“Entre os horários das 6h10 e 7h36 estamos enviando 16 veículos. Todos saindo em blocos para atender os estudantes da melhor forma possível. Reconhecemos a complexidade dessa linha”, disse Saccol.

O gerente da viação concluiu ressaltando que a empresa busca sempre manter a lotação em 90%, para garantir que não ocorram incidentes indesejados. 

“Investimos em dois novos carros com capacidade para 98 lugares cada. Início de ano é período para ajuste. Estamos monitorando todas as condições dessas linhas”, afirmou.