26 de julho de 2004 - 10:24

Número de algodoeiras cresce seis vezes em Mato Grosso

Nos últimos anos, o número de algodoeiras vem crescendo em ritmo alucinante no Mato Grosso, maior estado produtor de algodão do Brasil. Há sete anos eram apenas 31 unidades e, neste ano, devem chegar a 190, de acordo com a Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa).

Somente neste ano devem ser instaladas 18 novas fábricas de beneficiamento de algodão, um investimento estimado em R$ 36 milhões. "Antes dependíamos de terceiros para o beneficiamento e nem sempre o trabalho era bem feito. Então decidimos assumir o serviço para garantir a qualidade", diz Christopher Ward, produtor de algodão e ele mesmo dono de uma fábrica.

As algodoeiras são investimento de gente grande. Desde o ano passado, a Fazenda Petrovina investiu cerca de R$ 12 milhões na infra-estrutura da fábrica e na compra de três descaroçadores de algodão, um dos quais entrou em operação em meados de julho. "Outro descaroçador deve entrar em operação no próximo ano", diz. As máquinas, todas importadas dos Estados Unidos, são da Continental Eagle.

O beneficiamento, em si, não é capaz de resultar em uma pluma 100% limpa. Isso porque as máquinas de beneficiamento (a maioria importada dos EUA) não foram feitas para processar o tipo de lavoura existente no Brasil, composto por árvores mais altas que aquelas da Austrália ou Estados Unidos, onde predomina o cultivo irrigado - e o crescimento é controlado.

Na tentativa de produzir uma fibra mais limpa, ao gosto do freguês internacional, os produtores estão realizando testes a céu aberto. Na algodoeira Marin, de Itiquira (MT), parte dos 4,2 mil hectares plantados estão sendo colhidos manualmente. "Trata-se de experimento que, se der certo, poderá ser ampliado nas próximas safras", diz Roberto Mendes Rodrigues, agrônomo da fazenda.

Para a colheita manual foram contratadas 20 pessoas que já colheram 95 toneladas. A meta é chegar ao final da safra com 200 toneladas colhidas a mão. Uma pessoa consegue colher, em média 10 arrobas de 15 quilos de algodão por dia. "Se decidíssemos substituir as colheitadeiras empregaríamos mil pessoas. Mas precisamos saber se o mercado internacional está pronto a pagar um prêmio por isso, do contrário o custo seria alto demais", diz Rodrigues. Uma colheitadeira faz o trabalho de quase 200 trabalhadores rurais.