G1 MS | 6 de mar�o de 2018 - 16:30 Solidariedade

Serralheiro leva choque 270 vezes maior que tomada residencial e tem 22% do corpo queimado em MS

Homem estava "fazendo bico" em chácara quando ocorreu o incidente. Ele agora precisa de ajuda para manter despesas dos 4 filhos pequenos.

Graziela Rezende, G1 MS / G1 MS

Um serralheiro de 27 anos teve 22% do corpo queimado ao levar um choque de 34,5 mil volts, em uma chácara perto da BR-163, a 50 km de Campo Grande. Internado há 1 mês na ala de queimados da Santa Casa, Geison Mayk Ferreira da Silva conta que escuta diariamente sobre o "milagre de ter sobrevivido" e que precisa voltar a trabalhar para ajudar 4 filhos e a esposa, atualmente desempregada.

"Nós estávamos fazendo um barracão neste local. Era o terceiro dia de trabalho, todo mundo já tinha saído e eu estava colocando a última telha. Todos nós trabalhávamos abaixados, com a eletricidade improvisada deste fio de alta-tensão. Fizemos o esqueleto e depois já estava na fase final. Eu fui pegar o parafuso no meu bolso e, um pouco que levantei, tive esse fio encostado na minha cabeça", afirmou ao G1 o eletricista.

O choque foi tamanho que Mayk diz ficar desmaiado em quase todo o trajeto para o hospital. "Eu acordei quando o Corpo de Bombeiros estava na Costa e Silva. Nós cortamos os fios, aquilo foi uma gambiarra. Agora eu só quero melhorar, sair daqui. Tenho 4 filhos, esposa, aluguel, mas, nunca precisei de ninguém. Neste momento, infelizmente, dependo de ajuda", comentou Ferreira.

Ainda de acordo com o eletricista, o trabalho era um "bico" porque ele não tinha recebido do primeiro patrão. "Eu trabalhava em uma empresa no Jardim Itamaracá. O responsável lá atrasou os salários e, de um dia para o outro, pegou todo o maquinário e foi embora. Até hoje não tenho notícia do paradeiro dele e fiquei sem receber R$ 2,5 mil. Por conta disso, tive que procurar outras coisas, fazendo serviços de jardinagem e serralheria", explicou.

A aposentada Cremilda Pereira Miranda, de 74 anos, é uma das pessoas que contratou o serviço do rapaz. "Ele veio aqui alegre, sorridente, feliz pelo fato de estar trabalhando esses dias na minha casa. Eu até dei um pouquinho a mais de dinheiro pra ele, porém não posso fazer mais que isso. Os filhos dele são todos pequenos, de 6, 4, 3 e 1 ano. É muito triste o que aconteceu", alegou a idosa.

De acordo com a assessoria de imprensa da Santa Casa, Mayk está internado na ala dos queimados, desde o dia 29 de janeiro. Ele teve a amputação de 3 dedos, além de queimaduras que atingiram os ombros, cabeça, dorso, tórax e membros inferiores, todos do lado esquerdo.

A concessionária da distribuição de energia elétrica no estado - Energisa - comparou o nível da voltagem (tensão) à tomada residencial comum, que possui a tensão de 127 volts ou 220 volts, conforme a ligação que tiver no imóvel. De acordo com a assessoria, o choque que o serralheiro levou, de 34,5 mil volts, se equipara a mais de 270 vezes o valor da tensão das tomadas residenciais.

A concessionária informa que, quanto maior a tensão, maior é o risco de choque elétrico, e reforça para que a população não se aproxime dos fios e cabos condutores de energia, considerando sempre que podem estar energizados. Nestes casos, a orientação é entrar em contato, imediatamente, com a empresa por meio do telefone 0800 722 7272.

Quem quiser ajudar o serralheiro com alimentos e pertences para as crianças, pode entrar em contato com a mãe dele, Maria Aparecida, pelo telefone: (67) 99925 - 4716.