Nova News | 8 de dezembro de 2017 - 09:16 Transito Violento

Em ano violento, número de mortes no trânsito triplica em Nova Andradina

De apenas 2 mortes em 2016, saltou para 6 casos até agora neste ano; em percentual aumento é de 200%

Nova Andradina traz um cenário alarmante em relação às mortes no trânsito este ano. Se analisado matematicamente, o número, que pode parecer pouco, mostra o grau de violência que hoje o município registra três vezes maior do que o ano passado.

 

Ao todo, seis pessoas perderam a vida no trânsito nova-andradinense este ano no que se refere apenas aos acidentes no perímetro urbano. Apenas em setembro, mês com maior número de acidentes que chegou a 36, três mortes foram registradas.

Na comparação com 2016, apenas dois óbitos foram registrados no decorrer do ano que teve 362 casos de acidentes. Evidenciando que o trânsito é a principal causa de morte em Nova Andradina, os homicídios somaram 5 até agora, contra 10 do ano passado

Outro cenário preocupante diz respeito aos acidentes em rodovias na região de Nova Andradina. Com destaque para a MS-276 que liga o município a Ivinhema, cerca de 12 mortes já foram registradas este ano conforme levantamento do Nova News. A MS-134 entre Nova Andradina e Casa Verde, a MS-473 entre Nova Andradina e Taquarussu e a MS-276 entre Batayporã e Anaurilândia também registraram mortes. A PMR (Polícia Militar Rodoviária) não forneceu os números detalhados até o fechamento da matéria.

 
 

Setembro foi o mês mais crítico com três mortes registradas no trânsito nova-andradinense - Foto: Arquivo/Nova News

 

Acidentes não param de fazer vítimas

Seja fatal ou não, os acidentes não param de fazer vítimas em Nova Andradina. Os dados a que o Nova News teve acesso apontam que de janeiro a novembro já foram registrados 278 acidentes. Destes, 140 foram com vítimas.

Uma fratura que mais simples pareça, leva meses para a recuperação. O setor de ortopedia do Hospital Regional ‘Francisco Dantas Maniçoba’ registra diariamente um movimento intenso no atendimento. Os números apurados pelo Nova News apontam que entre janeiro e novembro os procedimentos no setor registraram 6.145, já os raio-X chegaram a 2.250 e, por fim, as cirurgias em casos mais extremos totalizaram 499.

 
 

Diretor do HR diz que é grande o número de atendimento no setor de ortopedia - Foto: Luciene Carvalho/Nova News

Detalhando o teor dos números, o diretor do hospital, Nelson Custódio da Silva, expôs que representa uma média de 40% o atendimento a vítimas de acidentes que em sua maioria envolvem motociclistas. “Considerados altos, estes números representam uma realidade em Nova Andradina apenas no que diz respeito ao atendimento do Hospital Regional. Muito se discute sobre o problema no município e o que se vê é que mudanças urgentes no trânsito de nossa cidade precisam ser tomadas, desde as regras de circulação em relação às motos, bem como ainda um maior rigor na aplicação de multas”, diz.

Do ponto de vista do diretor, os números de acidentes são extremamente preocupantes com base na condição de muitos pacientes que chegam ao hospital. “Há casos em que sequelas são por toda a vida. Chegamos a atender pessoas mutiladas que se envolveram em um acidente de trânsito e buscam atendimento no hospital. Estamos aqui de portas abertas 24 horas para atender, mas gostaríamos que essa realidade não existisse”, pontuou Silva.

Especialistas em segurança pública veem números com preocupação

O problema das mortes no trânsito em alta no município é tratado com preocupação entre os especialistas em segurança pública do município. Trazendo à tona o cenário da criminalidade hoje visto em Nova Andradina, uma audiência pública realizada na última semana, por iniciativa da 7ª Subseção da OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil de Mato Grosso do Sul) e do Conselho Comunitário de Segurança Pública, também abriu espaço para a discussão.

 
 

Durante audiência pública sobre criminalidade, juiz lembrou da problemática dos acidentes em Nova Andradina - Foto: Luciene Carvalho/Nova News

 

O que morre de gente aqui no trânsito é inacreditável. Não vamos esquecer dos crimes de trânsito, porque a vida é o bem mais importante que há.

juiz José Henrique Kaster Franco

À frente da Vara Criminal da comarca local, o juiz José Henrique Kaster Franco, deu ênfase ao trânsito violento que hoje pode ser notado em Nova Andradina. “Estou há 8 anos trabalhando aqui neste município e no próximo ano irei para Campo Grande. Muito se falou nesta audiência em crimes de patrimônio, mas estamos esquecendo uma situação muito grave. O pior delito que mais está matando em Nova Andradina são os delitos de trânsito. As nossas famílias estão morrendo aqui por causa de acidentes, mais que qualquer outro crime. O que morre de gente aqui no trânsito é inacreditável. Não vamos esquecer dos crimes de trânsito, porque a vida é o bem mais importante que há”.

 
 

Para delegado, comportamento dos nova-andradinenses estão fugindo às regras no trânsito - Foto: Luciene Carvalho/Nova News

Já o delegado regional de Polícia Civil, André Luiz Novelli Lopes, faz uma colocação plausível em relação ao trânsito e aos índices de criminalidade. “Em qualquer uma das duas situações a palavra que preceitua a condição do problema é comportamento. Pelo que se vê, os nova-andradinenses estão deixando de seguir regras básicas no trânsito, e no mundo do crime também não é diferente. Se uma pessoa decide ser bandido é um comportamento que ela resolveu seguir que foge às regras de convivência em sociedade. Comportamento é a base de tudo para uma sociedade vive como se deve e no trânsito é uma questão de ordem”, enfatizou.

Câmara aprova aumento de pena a motorista embriagado que provocar acidente fatal

A Câmara dos Deputados aprovou nessa quarta-feira (6) um projeto de lei que aumenta a pena para o motorista embriagado que provocar acidente com morte. O texto já passou pelo Senado e segue agora à sanção presidencial.

Pela lei em vigor, a punição para quem provocar acidente fatal ao volante é de 2 a 4 anos de detenção, além da suspensão da habilitação. A lei, no entanto, não faz referência ao motorista alcoolizado.

A proposta aprovada inclui na legislação a previsão de punição de 5 a 8 anos de reclusão para o homicídio culposo (sem intenção de matar) cometido por motorista embriagado.

Assim, quem pegar a pena máxima poderá cumprir a punição na cadeia, em regime fechado.

Para os defensores da proposta, a pena máxima atual de 4 anos é muito branda para a gravidade do crime, já que pode ser convertida em prestação de serviços à comunidade.

“Tem muito juiz que não aceita enquadrar como homicídio doloso [intencional] mesmo com o motorista sob efeito de álcool. Considera que é homicídio culposo e a pessoa acaba tendo a pena revertido para cesta básica. A intenção é tornar a punição mais rigorosa”, disse o deputado Efraim Filho (DEM-PB).

O texto original é de autoria da deputada Keiko Ota (PSB-SP) e já havia sido aprovado pela Câmara em 2015. Naquela primeira votação, a pena havia sido fixada entre 4 e 8 anos de reclusão.

Ao ser apreciado no Senado, no fim de 2016, os senadores aumentaram a pena. Por conta dessa mudança no texto, precisou passar novamente por votação na Câmara.