Ivi Noticias | 14 de agosto de 2017 - 10:10 Suicídios

Dois supostos casos de suicídio foram registrados em Ivinhema neste final de semana

Segundo especialistas, a resposta ao suicídio não pode ser o silêncio, mas sim o diálogo em família e na sociedade

Neste final de semana, dois casos, tratados inicialmente como suicídios, movimentaram as forças policiais na cidade de Ivinhema. O primeiro deles ocorreu na manhã de sábado (12), quando uma jovem de 25 anos foi encontrada morta em uma residência no Bairro Água Azul, município de Ivinhema. A vítima foi identificada como Daniele Gonçalves Deocleciano.

Segundo a imprensa local, o esposo encontrou o corpo da mulher por volta das 06h45, momento em que acionou as forças policiais e o Corpo de Bombeiros, que confirmaram a morte. O local foi isolado e equipe do Núcleo de Perícias de Nova Andradina foi acionada para registrar a ocorrência. Segundo as autoridades envolvidas, o caso aparenta se tratar de m suicídio, no entanto, o fato será devidamente investigado.

A segunda ocorrência, foi registrada na manhã deste domingo (13). Elizabete de Oliveira, de 46 anos, foi encontrada morta pelo seu pai em sua residência. 

O fato aconteceu na Rua Projetada 2, na região do Bairro Vitória. Em ambos os casos, as vítimas teriam tirado as próprias vidas por meio de enforcamento. A Polícia Civil deverá realizar as devidas investigações.

Caso recente

No mês de julho deste ano, um homem, identificado como sendo Elzo José de Souza, de 66 anos de idade, foi encontrado morto com dois disparos de arma de fogo no peito, em Batayporã. O caso aconteceu a cerca de seis quilômetros do perímetro urbano do município, mais precisamente na estrada rural que liga os assentamentos São João, São Luiz e Mercedina.

 
 

Corpo de Elzo José de Souza foi encontrado dentro da cabine de caminhonete em uma estrada vicinal de Batayporã - Foto: Márcio Rogério / Nova News

Segundo as informações apuradas pelo Nova News no local dos fatos, a vítima dirigia uma Ford-250, quando parou o veículo e chegou a dizer a populares que iria se matar. O corpo foi encontrado dentro da cabine da caminhonete. Conhecido como ‘Seu Léo’, a vítima era bastante conhecida em Batayporã e região.

Suicídio

Segundo a revista Isto É, estima-se que 25 pessoas cometam suicídio por dia. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a tendência é de crescimento dessas mortes entre os jovens, especialmente nos países em desenvolvimento. Nos últimos vinte anos, o suicídio cresceu 30% entre os brasileiros com idades de 15 a 29 anos, tornando-se a terceira principal causa de morte de pessoas em plena vida produtiva no País (acidentes e homicídios precedem). No mundo, cerca de um milhão de pessoas morrem anualmente por essa causa. A OMS estima que haverá 1,5 milhão de vidas perdidas por suicídio em 2020, representando 2,4% de todas as mortes.

Em muitos países, programas de prevenção do suicídio passaram a fazer parte das políticas de saúde pública. Na Inglaterra, o número de mortes por suicídio está caindo em consequência um amplo programa de tratamento de depressão. Ações semelhantes protegem vidas nos Estados Unidos. Um dos focos desses programas é diagnosticar precocemente doenças mentais. De acordo com uma recente revisão de 31 artigos científicos sobre suicídio, mais de 90% das pessoas que se mataram tinham algum transtorno mental como depressão, esquizofrenia, transtorno bipolar e dependência de álcool ou outras drogas.

Reduzir o suicídio é um desafio coletivo que precisa ser colocado em debate. Segundo especialistas, a resposta ao suicídio não pode ser o silêncio. Autoridades dizem que a principal tarefa da sociedade é convencer donas de casa, pais, educadores, jornalistas, publicitários, líderes comunitários e formadores de opinião de que o debate sobre o suicídio não é uma questão moral ou religiosa, mas um assunto de saúde pública.

 
 

Gisele Gotardi Gomes diz que assunto deve ser trabalhado a partir da família de forma preventiva. Ela defende que o diálogo é a melhor saída - Imagem: Arquivo/Nova News

 

Em entrevista ao Nova News em maio deste ano, a psicóloga Gisele Gotardi Gomes, a prevenção ao suicídio é possível. “Os pontos a serem trabalhados devem partir da família ao tentar detectar, através do comportamento do parente próximo, alguma situação que esteja enfrentando. Independente da causa, os sentimentos comuns de uma pessoa que tem uma idealização suicida são a desesperança, agressividade, sentimento de menos valia, isolamento social, mudanças bruscas de humor, insônia e ausência ou excesso de apetite”, explicou a especialista.

Uma das principais recomendações da especialista como ferramenta de prevenção é a abordagem direta do assunto. “Se ninguém ajudar de alguma forma, o problema nunca vai deixar de existir. O diálogo é uma das medidas de prevenção essenciais. Tudo que a pessoa precisa às vezes é ser ouvida e ter alguém em quem se agarrar”, afirmou. A psicóloga havia concedido a entrevista ao site em decorrência de um evento realizado em Nova Andradina exatamente com objetivo de debater o assunto. (Com informações do Ivi Notícias / Revista Isto É / Arquivo Nova News).