Correio do Estado | 28 de junho de 2016 - 08:08 SITUAÇÃO INDÍGENA

Mais de 49 mil índios em MS vivem em terras demarcadas

Grupo que está mais vulnerável a conflito é formado por 12,7 mil pessoas

Guarani-Kaiowá em área de reserva - Divulgação / MPF-MS

O Atlas Nacional Digital 2016, publicado virtualmente a partir de agora, confirmou que 79,4% (49.019) da população indígena em Mato Grosso do Sul vive em terras demarcadas. A estatística faz parte do Censo Demográfico 2010 e que, desta vez, está separado em caderno temático para abordar a realidade indígena no Brasil.

Há 61.737 índios vivendo no Estado, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), enquanto no Brasil essa população atinge 896.917 pessoas.

A partir desses números, é possível identificar que 12,7 mil índios em Mato Grosso do Sul atualmente vivem fora de área demarcada e estariam em situação vulnerável de conflito por área rural.

O documento do IBGE destacou também que Campo Grande e Amambai são as cidades onde aconteceram um maior crescimento populacional. Na Capital, em 2000 a população residente era de 4.620 pessoas e saltou para 5.657, dez anos depois. A realidade de Amambai foi de 5.367 pessoas para 7.158.

"O numeroso quantitativo de indígenas em Estados de ativa fronteira agropecuária modernizada, como Mato Grosso do Sul (...), reafirma que, além de ser uma dimensão central da geopolítica de ocupação/preservação do Brasil Central, a população indígena possui uma expressão não só cultural, mas até mesmo numericamente expressiva", analisou Nilza de Oliveira Martins Pereira, doutora em saúde pública e pesquisadora do IBGE, que assinou o caderno temático sobre populações indígenas.

O estudo do IBGE pode ser acessado na íntegra a partir deste link.

CONFLITO

Caraapó, que fica a 77 quilômetros de Amambai, município destacado no estudo do IBGE, está no centro de uma disputa por terras. Desde o dia 12 há tensão entre fazendeiros e índios, inclusive com a ocorrência de uma morte (Clodiode Aquileu Rodrigues de Souza, 26 anos) e feridos, entre eles crianças e policiais militares.

A Força Nacional está na região para tentar garantir segurança e dar apoio à Polícia Militar. A equipe deve ficar no local por pelo menos mais 15 dias, contados a partir de hoje.

A principal briga é por conta de decreto assinado no final do governo de Dilma Rousseff (PT) que criou a reserva Amambaipegua I, de mais de 55 mil hectares em áreas dos municípios de Caraapó, Laguna Carapã e Amambai.

Os índios cobram a regulamentação da área por parte do governo federal e os fazendeiros que tem posse documentada exigem indenização pelos bens e pela terra.