O GLOBO | 24 de maio de 2016 - 09:45 COCA-COLA

Coca-Cola paralisa produção de bebidas com açúcar na Venezuela

Diante da crise, gigante foi forçada a esperar retomada de matéria-prima

A crise venezuelana fez mais uma vítima: a Coca-Cola, líder mundial no setor de bebidas, foi forçada a paralisar a produção de suas bebidas açucaradas na Venezuela. A gigante americana parou em função da falta de açúcar no país, mas continua a produzir produtos dietéticos e à base de adoçantes.

Em comunicado na última sexta-feira, a empresa disse que a matéria-prima está em falta devido à paralisação das operações dos centros açucareiros nacionais, que também estão sem açúcar para refino. Suas quatro fábricas de engarrafamento continuariam produzindo “até que acabe o estoque de açúcar refinado industrial”.

"Os fornecedores de açúcar na Venezuela nos informaram que cessarão operações por falta de matéria-prima", disse num comunicado a porta-voz Kerry Tressler, explicando a paralisação temporária.

 

A empresa disse esperar que "se recuperem os inventários de açúcar no curto prazo".

As bebidas açucaradas correspondem a 90% do portfólio da empresa no país. Mas a companhia, com mais de 7 mil funcionários locais, não prevê fechar as portas nem sair do país. A multinacional afirmou que está “adiantando ações que permitam enfrentar essa conjuntura juntamente com os fornecedores, autoridades competentes e funcionários”.

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Drama semelhante foi vivido recentemente pela Polar, líder do setor alimentício e ainda principal fabricante de cerveja no país, com 80% do mercado. No fim de abril, a empresa decretou oficialmente a suspensão das operações de suas quatro fábricas.

Diferentemente da Coca-Cola, a crise na Polar se agravou fundamentalmente após o governo de Nicolás Maduro impedir a companhia de adquirir dólares para importar malte de cevada. A escassez de acesso à moeda forte inviabilizou sua produção, que continua parada. Outras referências industriais nos setores de consumo de bens, duráveis ou não, sofreram com restrições semelhantes geradas pelo agravamento da crise e os esforços de Maduro contra o que considera uma “guerra econômica” travada pelo setor empresarial. No caso da Polar, alguns de seus imóveis foram alvo de intervenção do governo para darem lugar a empreendimentos previstos num projeto habitacional.

No último dia 14, ao anunciar um estado de exceção econômica, Maduro ameaçou intervir nas fábricas paralisadas e prender os empresários que parassem a produção “com o objetivo de sabotar o país”.