Campo Grande News | 18 de janeiro de 2016 - 09:00 JUTI - CONFLITO POR TERRAS

Grupo de 600 índios Guarani-Kaiowa reocupa área em Juti, no sul de MS

Propriedade é chamada pelos índios de Taquara

Equipe do DOF (Departamento de Operações de Fronteira) enviou hoje (17) quatro militares à fazenda Brasília do Sul, ocupada por indígenas Guarani Kaiowá, que reclamam a posse do território, desde a madrugada de sexta-feira (15).

A propriedade, que fica no município de Juti, a 320 quilômetros de Campo Grande, é chamada pelos índios de Taquara. Eles saíram da área na qual tinham permissão da Justiça para permanecer e seguiram para perto da sede. Ontem (16), homens do DOF estiveram no local facilitando a entrada e saída de funcionários da fazenda, pois os índios haviam interditado a estrada, segundo o gerente, Ramão Cristaldo.

“Precisamos da Polícia Federal aqui, mas nosso advogado já entrou em contato e eles não vieram. Ficamos alumiando e fazendo movimento com veículos, tentando impedir que eles viessem para as casas da fazenda. Um pouco das famílias com crianças pequenas e mulheres gestantes que moram na sede da fazenda deixou suas casas com a presença do DOF, que escoltou as famílias para passar pela estrada bloqueada pelos índios”, contou o funcionário da fazenda.

Ramão reclama a presença da Polícia Federal no local, pois o DOF não tem autonomia para esse tipo de ocorrência. “Nós precisamos da PF aqui e os índios também querem isso. Ontem eles só não avançaram para a sede, porque nós ficamos alumiando e fazendo movimento com as caminhonetes”, disse.

O gerente afirma que os funcionários que fazem rondas com os veículos não estão armados e os índios usam espingardas. Em contrapartida, uma indígena, que preferiu não se identificar, disse hoje que as famílias são atacadas por pistoleiros.

O Campo Grande News entrou em contato com as unidades da Polícia Federal em Dourados, Ponta Porã e Campo Grande. Os policiais informaram que até o momento não receberam denúncia referente a conflito entre índios e fazendeiro em Juti. A PF de Naviraí disse que é possível que tenha sido registrada ocorrência, porém em plantão anterior e não deu mais informações sobre o assunto.

Taquara - A propriedade foi ocupada inicialmente em 1997 e quatro anos depois, em outubro de 2001, os indígenas foram expulsos e passaram a viver sob lonas ao lado de uma rodovia. No início de 2003, a comunidade resolveu retomar a propriedade que consideram como seu território tradicional.

Em janeiro de 2003, na fazenda Brasília do Sul, o kaiowá Marcos Veron, foi assassinado com 72 anos de idade. O líder passou a vida tentando recuperar a terra, que teve boa parte da floresta desmatada, na área chamada de Taquara, em Juti. Então, eles passaram a viver sob lonas de plástico às margens da rodovia.