Dourados News | 29 de julho de 2015 - 11:29 DOURADOS - Usina São Fernando

Após demissão, trabalhadores procuram MPT e alegam não receber acerto de Usina

Não há previsão para que seja efetuado o pagamento.

Os trabalhadores procuraram o Ministério Público do Trabalho, na manhã desta quarta-feira (29) - Foto: Joandra Alves

Um grupo de funcionários da usina São Fernando Açúcar e Álcool, procuram o MPT (Ministério Público do Trabalho) na manhã desta quarta-feira (29), alegando que foram demitidos e não receberam a rescisão contratual. Segundo eles a empresa disse não possuir o valor. Também não há previsão para que seja efetuado o pagamento.

Eles são souberam dizer quantos estariam no 'pacote' de demissões da empresa e a informação interna é que todos os dias grupos seriam avisados sobre o caso em diversos setores. A maioria tem entre três a quatro anos de trabalho, como o motorista de 26 anos, Diego Cruz.

“Eu trabalhei na usina por três anos, fui demitido no começo do mês. Fui para receber a minha rescisão contratual no dia 23 de julho e a empresa alegou que não tem dinheiro para pagar e ainda que não tem previsão. É complicado eu tenho que pagar aluguel, comer tenho família”, disse o motorista.

As dificuldades, segundo os trabalhadores começou há pouco mais de dois meses, quando o vale alimentação e plano de saúde eram cobrados pela empresa, porém não repassado para as prestadoras de serviço e com isso não tinham como utilizar. A situação foi mostrada pelo Dourados News no dia 16 de julho.

“No mês passado quem precisasse utilizar o plano de saúde não conseguia, pois o valor era cobrado de nós, mas não foi repassado para a empresa, com isso não conseguimos usar. Agora fui demitido e não recebi os meus direitos trabalhistas, por isso procurei o MPT”, conta Eder da Silva Leite, 33, também motorista.

O borracheiro Tiago Fagundes de 28 anos, esteve no MPT e também alega que não recebeu os direitos trabalhistas de três anos. Como não foi pago a rescisão, ele continua vinculado à empresa e pode atrapalhar no momento em ser contratado por outro empregador.

“Sei que eles (usina) também não estavam depositando o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) e com isso não tem como sacar. É uma situação complicada, não recebi o salário do mês, assim como muitos e temos compromisso com o dinheiro”, pontuou Tiago.

Outro trabalhador que está preocupado com a falta do pagamento é José Carlos Calderan, 44 anos, motorista, ele disse que paga pensão alimentícia e teme ser ‘preso’ por não efetuar o pagamento em dia.

“Estou preocupado, pois corro o risco de ser preso se não pagar a pensão alimentícia. Será que a usina vai no meu lugar? Acho difícil. E como ainda consta que trabalho na empresa, fica complicado ser contratado por outra empresa”, desabafou o motorista.

O Dourados News tentou contato com a procuradora do trabalho, Cândiece Gabriela Arósio, que atendeu os trabalhadores para obter mais detalhes sobre o caso, porém ela estava em audiência.

A redação também procurou a usina, para que ela se posicionasse sobre o assunto, tanto por telefone quanto por e-mail e não teve retorno até a publicação do material.

Há tempos a empresa vem passando por crise financeira, em 2014, 49% da usina foi comprada por investidores dos Emirados Árabes Unidos, porém as dificuldade em quitar as dívidas continuam. Em fevereiro deste ano, oficiais de Justiça cumpriram mandados expedidos pela Justiça, por conta das dívidas.

Na época, veículos leves, motocicletas e caminhões foram transportados via guincho para fora do pátio da usina, porém, os bens foram retomados no mesmo dia.