G1 | 14 de julho de 2015 - 10:04 ERRO MÉDICO

Laudo confirma que menino teve braço amputado por erro médico após cair de cavalo

Criança passou por cirurgia após sofrer fratura exposta ao cair de cavalo.

Laudo do IML conclui que houve negligência médica (Foto: Reprodução)

O laudo do exame de corpo de delito feito em um garoto de 13 anos que teve o braço amputado no Litoral do Piauí, comprovou que a remoção do membro aconteceu devido à negligência médica. A criança sofreu uma fratura exposta quando caiu de um cavalo em Chaval, no Ceará, e buscou atendimento médico em Parnaíba.

Garoto sofreu uma fratura no braço após cair de um
cavalo (Foto: Tacyane Machado)

Na época, a família registrou um boletim de ocorrência no 2º Distrito Policial por acreditar que houve erro médico durante a internação do menino no Hospital Regional Dirceu Arcoverde (Heda). Em posse do resultado dos exames, a família ingressou com ação na 4ª Vara Cível de Parnaíba cobrando reparação por danos morais, materiais e estéticos no valor de R$ 1,4 milhão.

A Secretaria Estadual de Saúde (Sesapi) afirma que quem está sendo acionado judicialmente é o médico que atendeu o garoto, mas o sistema do site do Tribunal de Justiça mostra que o Governo do Piauí figura como réu. O procurador geral do estado, Plínio Clerton, não foi encontrado para comentar o caso.

O G1 obteve com exclusividade uma cópia do laudo no qual o médico legista afirma que "houve negligência por parte da equipe médica durante a primeira internação (o paciente teve duas internações) que não evitou a complicação que resultou em necrose e na amputação de todo o membro superior da vítima".

O laudo conclui ainda que o procedimento colocou em perigo a vida do garoto diante do risco de sepse (infecção generalizada e morte do paciente).

Estado do Piauí consta como réu no sistema do TJ-Piauí (Foto: reprodução/tjpi.jus.br)

Esse caso foi mostrado pelo G1 em reportagem publicada em janeiro do ano passado. Ao registrar ocorrência na polícia, a mãe do garoto relatou que a criança deu entrada no hospital dia 18 de dezembro de 2013 e uma cirurgia de correção foi feita no braço da criança, que recebeu alta no dia 20. No dia 21, a família voltou ao Heda, porque o braço do garoto estava escuro, a mão cheia de bolhas, as unhas pretas e sentindo fortes dores.

A amputação do membro foi feita no dia 22, e, segundo a mãe da criança, os médicos não deram explicação para o procedimento. Após a cirurgia, bolhas voltaram a aparecer pelo corpo da criança.

A conclusão do laudo do Instituto Médico Legal (IML) dá conta que a complicação que levou à amputação do braço do jovem poderia ter sido evitada, caso o paciente tivesse sido melhor observado. "Entendo que a primeira alta hospitalar foi precoce e que a complicação após o tratamento cirurgíco poderia ter sido evitada se o paciente tivesse permanecido mais tempo internado, com acompanhamento clínico, cirúrgicos e laboratorial adequados", diz o texto.

Na época, a direção do Heda enviou uma nota à imprensa na qual informava que a amputação aconteceu porque os médicos detectaram que o membro já estava em estado avançado de infecção. A direção disse ainda que o procedimento foi realizado para evitar uma infecção generalizada e que a cirurgia foi feita para salvar a vida da criança com expressa autorização da família.

Os advogados da família Adelmir Lima e Fernando Tallyson, acusam os médicos de não terem feito a limpeza correta antes dos curativos e informou que a ação contra o estado visa reparação de danos morais, materiais e estéticos. Segundo eles, a família já havia tentado acordo com o médico que atendeu o garoto no Heda, mas sem sucesso.