Correio do Estado | 26 de fevereiro de 2015 - 14:45 TRANSPORTE ESCOLAR

Municípios culpam governo federal pela falta de recursos para a educação

Com problemas de falta de merenda e dificuldade com custeio de transporte escolar, os municípios culpam o governo federal pela falta de recursos. O presidente da Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul (Assomasul), Juvenal Neto, disse que, apesar da falta de recursos, as prefeituras hoje investem mais do que deveriam na educação e na saúde com dinheiro da receita própria.

Hoje, os municípios gastam entre 25% a 30% com a saúde e entre 45% a 50% com a educação, ou seja, estão gastando o dobro. Esse que é o problema, você tira dinheiro dos investimentos, do custeio”, explicou. “Se você for fazer só o que a lei determina seria o caos, porque o governo tirou dinheiro dos municípios”, criticou o dirigente.

O presidente da Assomasul reconheceu que algumas prefeituras estão passíveis de enfrentar esse tipo de problema, justificando situações muitas vezes decorrentes do processo de licitação.

“Às vezes, a prefeitura faz a licitação e a empresa não cumpre, aí é preciso notificá-la por três vezes para depois fazer novo leilão para contratação de outra empresa, aí é que está o problema”, colocou Neto, ao justificar eventuais problemas que ocorram relacionados à questão da merenda escolar em algumas localidades.

No entanto, disse desconhecer a existência de denúncias oficiais a respeito desse tipo de deficiência.

O dirigente disse que a Assomasul tem orientado os prefeitos a adotar a contenção de despesas a fim de garantir fluxo de caixa para investir nas áreas prioritárias, mesmo reconhecendo as dificuldades decorrentes da política econômica do governo que, segundo ele, deu obrigações aos municípios, mas retirou seus recursos por meio dos programas de incentivos fiscais.

Neto mencionou a queda constante nas transferências do FPM (Fundo de Participação dos Municípios), principal fonte de receita da maioria dos municípios brasileiros a exemplo do ICMS, além de outros fatores que têm levado as prefeituras ao estado de insolvência.

Por conta disso, Neto lembrou que as prefeituras sul-mato-grossenses perderam R$ 1,2 bilhão nos últimos quadros anos devido a redução do FPM, motivada pela isenção do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) que o governo federal concedeu à indústria automotiva e aos produtos da chamada linha branca.

O IPI e o Imposto de Renda formam a base de composição do FPM, que é transferido a cada dez dias do mês às prefeituras brasileiras.