Dívida de consignados pode ‘sujar o nome’ de metade dos servidores do Estado
Sindicato dos servidores da administração revela que até corretores de crédito estão preocupados
Pelo menos metade dos cerca de 46 mil servidores do governo estadual podem ter um carnaval com problemas. Isso porque a gestão de André Puccinelli (PMDB) descontou do salário os valores correspondentes a empréstimos consignados, mas não repassou às instituições financeiras.
“Pelo menos metade dos servidores tem empréstimo consignado ou com o Banco do Brasil, ou BMG, Caixa Econômica Federal, Bradesco ou Santander. E a gente acha inadmissível que a equipe de transição não tenha se preocupado em garantir esse dinheiro para pagar as financeiras”, diz a presidente do Sindsad/MS (Sindicato dos Servidores da Administração do Estado de Mato Grosso do Sul), Lilian Fernandes.
Na manhã desta terça-feira (27), o secretário estadual da Fazenda, Marcio Monteiro (PSDB), afirmou que o governo ainda está preparando o balanço feito nas contas deixadas por Puccinelli para encaminhar ao TCE (Tribunal de Contas do Estado). O ex-governador pode ser enquadrado na Lei de Responsabilidade Fiscal, se comprovada as irregularidades.
A presidente do Sindsad/MS revelou ainda que existe uma quantidade grande de servidores preocupados com possibilidade de inserção de seus nomes nos serviços de proteção ao crédito, como SPC e Serasa.
“O pessoal das financeiras fica desesperado e vem no sindicato, porque boa parte dos empréstimos são feitos por corretores de crédito e não nos bancos. Como a gente defende o servidor, nosso maior medo está no risco de ter o nome negativado”, pontua.
A sindicalista conta ainda que a administração tucana não convidou entidades que representam os servidores para expor o assunto. Alguns trabalhadores estão com receio de serem obrigados a pagar duas vezes a mesma parcela do empréstimo, pois temem que, além do desconto por parte do governo, já feito, alguns bancos possam descontar da conta corrente do funcionário o valor correspondente ao débito.
“Eu fui negativada uma vez por causa de 74 centavos, e isso gera problemas. Tem um monte de servidor tentando comprar uma casa pelo Minha Casa, Minha Vida, tem gente querendo financiamento estudantil e não podem ter restrição. A gente não pode aceitar que um problema do governo esbarre no servidor”, finalizou Lilian.
O governador, Reinaldo Azambuja (PSDB), disse mais cedo, também nesta terça, que quer um acordo com os bancos para quitar a dívida, que atualmente é de cerca de R$ 51 milhões. Deste valor, o governo afirma dispor atualmente de R$ 8 milhões.