Uol | 8 de setembro de 2014 - 08:55 Internado há 4 meses

Maguila treina boxe no hospital, mas evolução ainda é lenta

O mal de Alzheimer é implacável. Irreversível e degenerativo, é uma batalha dura de se enfrentar, mesmo para um homem como Adilson Rodrigues, o Maguila, o peso pesado mais famoso da história do boxe brasileiro. Internado há mais de quatro meses, o sergipano tem vivido no hospital geriátrico Dom Pedro II, em São Paulo, tendo como principal problema a dificuldade de deglutição. Para este problema, sua mulher, Irani Pinheiro, usa a palavra "milagre". Mas também há boas notícias vindas de lá: o Maguila está de volta ao boxe.

Há um mês, foi Eder Jofre, que sofre de demência pugilística (a encefalopatia traumática crônica), quem voltou a calçar as luvas. Agora, Maguila segue o mesmo caminho. Em seu ritmo, de leve, ele achou nos treinos de boxe a motivação para manter sua luta, já que segue sendo alimentado exclusivamente por sonda e ainda não tem condições de ir para casa.

Irani Pinheiro, sua mulher, alterna entre a felicidade da melhora em seu quadro e a dura realidade do Alzheimer. Diferentemente da preocupação da internação, quando ele também apresentava um quadro de pneumonia, a situação hoje é mais amena. Maguila perdeu muito peso, chegou a pesar 87 kg – pouco para um corpo de 1,87 m que já foi de um peso pesado nocauteador.

"Graças a Deus hoje ele está bem, já está bem recuperado, emagreceu um pouco. Mas agora ganhou dois quilos, está mais ativo, está treinando, fazendo trabalho com fisioterapeuta, fonoaudióloga. E está conseguindo bater três rounds de saco", revelou Irani, em entrevista ao UOL Esporte.

Os treinos de boxe começaram há cerca de um mês e tiveram impacto positivo na disposição do sergipano. Maguila assiste TV – está acompanhando as eleições, por exemplo – e gosta de ler revistas. Mas faltava algo.

"Nós estávamos procurando um modo melhor para ele se animar, ter mais motivação, não ficar só sentado ou deitado. Como a condição dele está bem melhor do que a que ele chegou, eu perguntei o que ele gostaria de fazer. 'Você não gostaria de treinar um pouquinho, bater saco?'. Ele falou: 'pode ser, acho que é isso que eu quero'. Na rotina dele, de manhã vem a equipe de fisioterapia que o leva para a academia. Então adaptamos lá, montamos um saco de boxe e levei suas luvas. Então ele faz um pouco de musculação, depois está conseguindo bater três rounds de saco, no tempo dele, é claro", detalhou a mulher do lutador, completando. "Eu já falei: 'cuidado, daqui a pouco você vai querer lutar aqui e não pode'(risos)".