24 de julho de 2014 - 17:00 Relacionamento

Falta de interesse em fazer sexo nem sempre significa traição

Quando alguém percebe que o parceiro está mais distante sexualmente, é comum pensar: "Só pode ser traição!". Mas há uma série de circunstâncias na vida de um casal que prejudicam o desejo e que não necessariamente sinalizam a presença de amantes. Saber quais são –e aqui especialistas apontam os principais– ajuda e muito a solucionar a questão.

1. Problemas no trabalho

De acordo com o ginecologista e terapeuta sexual Amaury Mendes Jr., professor e médico do Serviço de Sexologia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), o trabalho está relacionado com a busca pelo sucesso. "É preciso, a qualquer custo, independentemente se a pessoa curte ou não o que faz, ter reconhecimento. Quando isso não ocorre ou custa a acontecer, o indivíduo se decepciona consigo mesmo e se frustra por não se achar digno da admiração do par", afirma ele.

A psicóloga especializada em sexualidade Juliana Bonetti Simão, de São Paulo (SP), lembra que a profissão nos insere no mundo, e, para muitos, é algo sagrado. Quando o lado profissional fica abalado, é comum sentirmos tristeza e a queda do apetite sexual acontece. "Passamos muito de nosso tempo na empresa, por isso pode ser difícil para muita gente desligar o pensamento daquilo que traz tensão e se concentrar na relação sexual", explica.

2. Cansaço

O cansaço pode ser um grande desmotivador para o sexo, já que transar exige criatividade, energia e disposição. "Uma pessoa cansada não quer fazer esforço físico e mental... Que dirá sexo, em que a troca é imprescindível", diz a terapeuta sexual Carla Cecarello, fundadora da ABS (Associação Brasileira de Sexualidade), entidade que promove estudos sobre o tema.

Para muita gente, descanso significa não fazer nada, mas, às vezes, o ócio cansa mais ainda. "É preciso investir em atividades que relaxem o corpo e a mente. Nem sempre é fácil, mas para ter ideias de como ter uma vida mais estimulante, que ajude na sexualidade, é preciso esforço para sair da prostração", diz Juliana. "Reserve um dia da semana para chegar mais cedo do trabalho e namorar. E também evite comprometer o fim de semana com trabalho", fala Amaury.

3. Problemas hormonais ou doenças

A atuação de diversos hormônios costuma interferir no desejo sexual. "Basta um deles estar desequilibrado para que todo o sistema seja prejudicado, afetando a libido", declara o terapeuta sexual Oswaldo Martins Rodrigues Jr., diretor do Inpasex (Instituto Paulista de Sexualidade). 

A psicóloga Juliana Bonetti Simão, afirma que muitas doenças podem induzir à disfunção sexual, bem como o tratamento medicamentoso. Procurar ajuda médica e fazer os exames adequados elimina qualquer dúvida.

4. Preocupações com dinheiro

Na opinião de Carla Cecarello, a falta de dinheiro é a inimiga número um de um relacionamento sadio –e de uma vida sexual ativa e prazerosa. "Trata-se de um problema que faz com que a pessoa se sinta o pior dos seres humanos. Quer sair para se divertir, não pode! Quer comprar uma roupa nova, não pode! Quer presentear o parceiro, não pode! Fora que só pensa no que fazer para saldar as dívidas. Ou seja, toda a energia fica canalizada para a situação", explica.

A questão financeira provoca queda no desejo sexual porque é algo extremamente angustiante. Ter que fechar a conta no fim do mês pode provocar muita briga e discussão, causando mal-estar e afetando diretamente a vontade de um estar junto ao outro. "A preocupação com dinheiro já indica problemas de falta de organização, de planejamento de vida", comenta o terapeuta sexual Oswaldo. Para colocar tudo nos eixos, seria importante o casal rever toda a sua trajetória e seus planos.