Uol | 17 de mar�o de 2014 - 16:52 operação Lava-Jato

Operação em 6 Estados e no DF PF diz que desarticulou 4 quadrilhas que lavavam R$ 10 bilhões

Quatro grandes quadrilhas de lavagem de dinheiro foram desarticuladas nesta segunda-feira

Quatro grandes quadrilhas de lavagem de dinheiro foram desarticuladas nesta segunda-feira (17) após a operação Lava-Jato, da PF (Polícia Federal). Cada uma delas era capitaneada por um "doleiro-chave", segundo a polícia. Duas tinham como base São Paulo, uma o Paraná, e uma operava em Brasília. Os bandos teriam lavado pelo menos R$ 10 bilhões em dez anos, disse a PF.

Os quatro doleiros atuavam com remessa ilegal e lavagem de dinheiro há mais de 10 anos e foram personagens durante esquemas como o caso Banestado e a operação Farol da Colina, segundo a PF. Somente um deles, Alberto Youssef, teve o nome revelado. A polícia confirmou a prisão de Youssef mas não divulgou os outros nomes.

 

Personagem-chave é preso

Youssef, um dos doleiros mais famosos do Brasil, já foi condenado por crimes financeiros e era beneficiado com o regime de delação premiada --por isso, estava livre. Segundo a polícia, agora os benefícios serão revistos.

As quatro quadrilhas usavam centenas de empresas de fachada brasileiras para fazer pedidos de importação a empresas situadas na China e em Hong Kong. As firmas do exterior também eram de fachadas e foram criadas pela quadrilha. Elas recebiam o dinheiro, mas jamais enviavam qualquer mercadoria ao Brasil.

Do exterior, esses valores eram usados para pagar operações com tráfico de drogas e corrupção. "A China é hoje um dos maiores parceiros comerciais do Brasil, então se torna mais fácil explicar o grande volume de dinheiro transferido", disse o delegado Marcio Anselmo, coordenador da operação Lava-Jato.

O uso de empresas como postos de combustível e lavanderias tinha por finalidade mesclar valores das atividades desses estabelecimentos com dinheiro ilícito, dificultando o rastreamento pelas autoridades.

"No caso dos postos, a gasolina paga em dinheiro jamais era depositada. Em vez disso era usada em operações da câmbio paralelo", disse o delegado.

A PF trabalha agora para tentar identificar os clientes do esquema, e não descarta a possibilidade de o crime organizado e políticos utilizarem do os grupos crimonosos para lavagem e desvio de dinheiro.

"O objetivo dessa operação é estancar o desvio, que chegou a R$ 10 bilhões em dez anos, todo de origem criminosa", afirmou Igor Tomás Romário de Paula, delegado regional de crime organizado. "Esse caso demonstra que ainda falta controle no Brasil sobre o dinheiro enviado ao exterior."

Além das 24 prisões até agora, após 47 mandados expedidos, foram apreendidos 25 automóveis, R$ 5 milhões em dinheiro, além de joias e obras de arte, inclusive telas do pintor Di Cavalcanti.

Um avião da Polícia Federal recolheu os suspeitos detidos em Brasília e, após fazer uma conexão em São Paulo para apanhar outros suspeitos, deve chegar a Curitiba nesta segunda, onde ficarão à disposição da Justiça.