Folha | 4 de fevereiro de 2014 - 14:31 morte de cineasta

Filho admite ter matado Eduardo Coutinho e ferido a mãe, diz polícia

Em depoimento prestado na noite de ontem a investigadores da Polícia Civil, Daniel de Oliveira Coutinho, 41, revelou detalhes sobre a morte de seu pai, o cineasta Eduardo Coutinho, 80. O filho assumiu a autoria do crime, cometido no último domingo (2), segundo o delegado Rivaldo Barbosa.

Ele também feriu a facadas a mãe, Maria das Dores Oliveira, 62, que segue internada no hospital Miguel Couto.

Segundo a polícia, Daniel disse que pretendia cometer suicídio, mas como "não queria deixar os pais desamparados", resolveu matá-los.

Primeiro, ele esfaqueou a mãe, que, mesmo ferida, conseguiu escapar e se refugiar dentro do banheiro até a chegada de socorro. Depois, ele atacou com facadas o pai, o cineasta Eduardo Coutinho, que não resistiu aos ferimentos.

"Ele atinge a mãe, que consegue escapar e se abriga em local seguro. Depois, vai até o pai que, sem oferecer resistência, recebe os golpes e morre", disse o delegado Rivaldo Barbosa, titular da Divisão de Homicídios, em entrevista à TV Globo.

O depoimento de Daniel Coutinho foi concedido ontem no hospital Miguel Couto, onde ele permanece internado. Após atacar os pais, ele desferiu golpes de faca em seu próprio abdômen.
"Agora, consideramos o crime esclarecido", acrescentou o delegado.

CARREIRA

Em 1954, aos 21 anos, teve seu primeiro contato com cinema em seminário promovido pelo Masp. Trabalhou como revisor na revista "Visão", dirigiu peça infantil e especializou-se em roteiro.

Em 1975, passou a integrar a equipe do programa "Globo Repórter", da TV Globo, onde permaneceu até 1984.

Após o sucesso de "Cabra Marcado Para Morrer", Coutinho passou alguns anos trabalhando com documentários em vídeo para o Centro de Criação da Imagem Popular, com temas ligados a cidadania e educação.

São dessa época projetos como "Santa Marta - Duas Semanas no Morro" (1987) e "Boca de lixo" (1993), visões humanistas e pessoais sobre indivíduos e populações marginalizadas.

Em 1988, com o centenário da Abolição da Escravatura, foi estimulado pela Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro a realizar um documentário sobre a população negra na História do Brasil.

Surgia então o esboço de "O Fio da Memória", centrado na figura do artista popular Gabriel Joaquim dos Santos, concluído três anos mais tarde, com o apoio das emissoras de televisão La Sept (França) e Channel Four (Inglaterra).