Campo Grande News | 3 de janeiro de 2014 - 10:01 CAMPO GRANDE

Pedreiro manteve outras duas famílias em cárcere privado por 11 anos

Anterior ao casamento com Cira da Silva, 44 anos, e os quatro filhos, de 15, 13, 11 e cinco anos, mantidos sob tortura e agressões por 22 anos, o pedreiro Ângelo da Guarda Borges, 58 anos, ainda agiu da mesma maneira nos relacionamentos anteriores. Segundo o filho mais novo do primeiro casamento, eles trancou a 1ª mulher por cinco anos, até ela abandonar o imóvel. Após isso, ele se envolveu com uma outra mulher por mais seis anos, agindo da mesma maneira, conforme o depoimento da vítima.

"Foram 11 anos, juntando as duas esposas, que ele agia da mesma maneira. Após isso, ele conheceu a Cira e mantinha o comportamento que todos nós já conhecemos", afirma a delegada Rosely Aparecida Molina, responsável pelas investigações.

Além do cárcere, a filha de 37 anos confessou ter sido estuprada pelo pai quando tinha dez anos. Os abusos ocorreram por cinco anos. Ontem (2), a Polícia ainda ouviu o irmão da vítima, que confirmou o mesmo comportamento do pedreiro. “A conversa dele era a mesma, de que não sairíamos de casa para não nos transformarmos em bandidos”, disse Cláudio de Brito Borges, 34 anos.

Atualmente Cláudio, que nasceu no Tocantins, reside em Goiânia. “Já fizemos o pedido para que ele seja ouvido por carta precatória, porém, em conversa informal por telefone, o filho comentou sobre as agressões e o cárcere que vivia, ressaltando o comportamento que já conhecemos do suspeito com a segunda família”, afirma a delegada.

Nas palavras do filho, o pai seria preso “uma hora ou outra”, principalmente por “aprontado a vida inteira”. Com a oitiva formalizada, diligências, além de colegas de trabalho de Ângelo que já foram intimados, a Polícia pretende finalizar o inquérito nos próximos dez dias.

“Temos os depoimentos e respostas de solicitações, como a dos postos de saúde para saber se a atual mulher fez o pré-natal dos filhos e se eles já obtiveram atendimento médico. Após isso, vamos concluir o inquérito policial”, afirma a delegada.

Ajuda – Com relação à família, mantida por mais de 20 anos em cárcere, conforme a Polícia, a delegada conta que muitas pessoas se sensibilizaram para ajudar as vítimas, tanto Cira quanto os filhos.

 
Pedreiro permanece na 4ª D.P. Foto: Arquivo/ CG News

“Eles continuam em um abrigo, já fizeram o cartão do SUS (Sistema Único de Saúde), estão recebendo atendimento psicológico e muitas doações de alimentos, roupas e até presentes para as crianças neste período de datas festivas. Já o suspeito permanece preso na 4ª Delegacia de Polícia”, finaliza a delegada.