FOLHA ONLINE | 24 de dezembro de 2013 - 18:36 NOVO ENCONTRO

OGX, de Eike Batista, fecha acordo com credores internacionais

Após quase quatro meses de negociações, a OGP (ex-OGX), de Eike Batista, concluiu o acordo com seus credores internacionais, que detêm títulos da dívida da empresa nesta terça-feira (24), segundo apurou a Folha. É um passo importante na reestruturação da companhia, que está em recuperação judicial e possui dívidas de mais de R$ 11 bilhões.

O acordo prevê a injeção de cerca de US$ 200 milhões por parte dos investidores internacionais e a conversão da dívida total da empresa (US$ 5,6 bilhões) em ações da companhia. O montante refere-se aos valores cobrados por credores estrangeiros (US$ 3,6 bilhões), fornecedores (US$ 500 milhões) e pela OSX (US$ 1,5 bilhão).

Com o acerto, se tudo correr como planejado, eles passarão a deter cerca de 90% das ações da empresa de Eike, que será diluído brutalmente.

Os acionistas minoritários, que compraram ações da OGX e agora processam a empresa por informações enganosas ao mercado, serão os maiores prejudicados. Sua fatia vai sair dos atuais 50% para apenas 5% das ações da companhia. A participação de Eike não está clara, dependerá de quantas ações da petroleira restarem à OSX no final do processo.

Os negociadores de Eike amarram a operação de uma forma que os credores só terão participação majoritária na companhia se optarem por converter o dinheiro novo em ações. Caso não concordem, a dívida que cobram vai valer apenas 25% das ações da empresa. É o dinheiro novo que dará a eles os 65% restantes da companhia.

Sem dinheiro e com dívidas bilionárias, a petroleira vinha tentando fechar uma operação deste tipo desde setembro. Mas, diante da falta de consenso entre os investidores, viu-se obrigada a buscar proteção da Justiça para suspender pagamentos e não quebrar.

A negociação é crucial para o plano de reestruturação financeira da companhia. O dinheiro garantirá recursos para que a empresa siga com a produção de petróleo em Tubarão Martelo, sua única fonte de receitas no momento. Em janeiro, há um grande volume de gastos com o campo, com o pagamento de barcos de apoio e novas conexões de poços, por exemplo.

Além disso, a injeção financeira permitirá que faça os investimentos necessários no bloco BS-4, que ainda não está produzindo, mas é importante para o futuro da companhia. Há meses, a petroleira está inadimplente com os sócios no empreendimento.

Segundo a Queiróz Galvão Óleo e Gás, que explora o bloco juntamente com a OGX e a Barra Energia, já são R$ 73 milhões devidos pela petroleira de Eike.

O dinheiro dos credores, no entanto, ainda deve demorar um pouco para chegar. Por conta disso, a empresa negocia um empréstimo-ponte para cobrir as despesas no período.

A negociação com os credores não foi fácil. No início das tratativas, eles resistiam a injetar mais dinheiro na antiga OGX e queriam reduzir a participação de Eike ao mínimo possível. Só toparam injetar recursos novos, porque era a única forma da empresa não quebrar.

Um dos principais nós da negociação foi o tamanho da dívida da petroleira com a OSX - exatamente porque determinaria a fatia final de Eike no negócio. A OSX defendia que tinha a receber US$ 2,6 bilhões, enquanto os credores defendiam que não havia justificativas para um pagamento superior a US$ 900 milhões. O valor acertado hoje foi de US$ 1,5 bilhão.