Terra | 18 de novembro de 2013 - 12:54 futebol brasileiro

Presidente da CBF se irrita com protesto do Bom Senso e tenta jogar atletas contra torcida

O movimento Bom Senso FC conseguiu irritar o presidente da CBF. José Maria Marin, ainda nos Estados Unidos,  deu sinais de que vai jogar duro com os jogadores que, nas duas últimas rodadas do Campeonato Brasileiro, protestaram contra o calendário da CBF para 2015. Tentaram ficar parados no primeiro minuto de cada partida e, quando isso não foi possível por ameaça de advertência dos juízes, trocaram passes sem efeito neste tempo. “Agora eles extrapolaram. Aquilo foi um desrespeito ao povo brasileiro, ao torcedor, ao futebol”, disse o dirigente.

Os jogadores do Bom Senso já pensam numa medida mais drástica: paralisar a última rodada, entrando em campo e não jogando. Ainda não há consenso sobre a medida por causa de vagas na Libertadores e times ameaçados de rebaixamento. Além disso, o calendário ficaria ainda mais curto para os jogadores. Mas a palavra greve já entrou nas trocas de mensagens por celulares.

Mesmo assim, existe um consenso de que a CBF não vai decidir o calendário sem que seja incomodada pelos atletas. Eles não gostaram da criação da Supercopa do Brasil, em 2015, nem da manutenção de 19 datas para os estaduais. Querem menos jogos. Estão elaborando uma proposta e vão levar aos detentores dos direitos de transmissão do Brasileiro.

Marin, que adoraria ter um ano tranquilo para se dedicar á seleção brasileira na Copa do Mundo e, caso o Brasil ganhe o torneio, faturar em cima, vê pela frente turbulência causada pelos artistas da bola. “Não vamos deixar que nada atrapalhe a boa campanha que a seleção vem fazendo rumo ao hexa”, falou ao repórter mineiro Jaeci Carvalho, do jornal Estado de Minas.

Marin está com Marco Polo Del Nero na América do Norte. Ele é o candidato do presidente da CBF para sucedê-lo na entidade. E já tentou atender à reivindicação de reduzir datas do Campeonato Paulista. O Bom Senso FC achou pouco.

Os líderes do movimento, especialmente Alex (Coritiba) e Paulo André (Corinthians), têm noção que vão entrar numa zona de turbulência com a CBF. Eles ainda tentam convencer dirigentes de clubes, emissoras de televisão e até treinadores a avançarem nas mudanças, muito além do calendário de 2015 da Confederação.

A volta de Marin ao Brasil vai esquentar o clima. Ele adotou um discurso em que tenta jogar o torcedor contra os atletas. Enrolar com a bola durante um minuto passou a ser “virar as costas para o público”. E a definição do dirigente à forma de protesto do Bom Senso é esta: “O torcedor merece respeito”.

O futebol brasileiro caminha para um impasse que, em geral, serve para promover mudanças. E quase sempre se resolve de forma conflituosa.