31 de dezembro de 2004 - 08:38

União investe R$ 1,5 milhão no combate a ferrugem da soja

O Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) investiu R$ 1,5 milhão na Campanha Nacional de Conscientização contra a Ferrugem da Soja para informar produtores e treinar pesquisadores sobre a forma correta de combater a doença nas principais regiões produtoras do País. “Pelo menos 68 pesquisadores participaram do programa, multiplicando as informações para outros mil técnicos em todo o país. Nosso principal objetivo é conscientizar os produtores”, diz o coordenador de Proteção de Plantas da Secretaria de Defesa Agropecuária, José Geraldo Baldini.

Levantamento do Consórcio Anti-ferrugem, coordenado pelo Mapa, identificou a ocorrência da ferrugem asiática da soja em Mato Grosso do Sul e mais oito Estados brasileiros (MT, PR, RS, MA, GO, MG, SP e DF) em 82 municípios, sendo sete em Mato Grosso do Sul (Ponta Porã, Antônio João, Dourados, Naviraí, Laguna Carapã, Coronel Sapucaia e Maracaju). Desse total, 27 focos são em lavouras comerciais, os outros são em soja voluntária ou em unidades de alerta, áreas em que a soja foi semeada precocemente, justamente para detectar a presença do fungo na região.

Entre os nove Estados com a doença em que foi identificada a ferrugem, o Paraná é o que tem maior número de focos: são 34 municípios. "É importante que os produtores intensifiquem o monitoramento em suas áreas e fiquem atentos às informações sobre novos focos da ferrugem. O controle adequado do fungo vai colaborar a evitar perdas", explica o pesquisador Ademir Henning, da Embrapa Soja, membro do Consórcio Anti-ferrugem.

Segundo Baldini, os efeitos do programa puderam ser dimensionados nesta safra. “Em Barreiras, no interior da Bahia, por exemplo, os produtores seguiram as instruções apontadas pelas pesquisas e, neste ano, a praga não foi detectada em locais onde havia se manifestado em 2003”, diz. Além disso, o governo federal realizou outra importante ação de combate à ferrugem da soja neste ano: a criação do Consórcio Anti-Ferrugem. “O consórcio consiste em incentivar a pesquisa e trocar informações sobre a ferrugem”, explica o coordenador.

Conforme ele, foram investidos US$ 7 milhões pelo Ministério da Agricultura e a iniciativa privada na criação e manutenção do consórcio. Mesmo consciente sobre os danos provocados pela ferrugem, Baldini afirma estar satisfeito com o combate à ferrugem. “Quando a praga se instalou no país, não tínhamos nenhum defensivo registrado para seu controle. Hoje, já temos 19 produtos registrados pelo ministério. Também acumulamos muita informação sobre a doença, que compartilhamos com o Mercosul. Até técnicos dos EUA vieram ver o que estávamos fazendo para controlar a ferrugem”, relata.

Na safra 2002/2003, a ferrugem da soja deu um prejuízo de mais de US$ 1 bilhão ao país. Na colheita passada, as perdas dobraram. Na atual safra, ainda não foram calculados os eventuais impactos financeiros provocados pela praga. Entretanto, técnicos e produtores dão como certa a perda de lucratividade devido aos altos custos da produção causados pelo uso intensivo de defensivos específicos para combater a doença.

Para 2005, os programas devem ganhar uma ajuda extra do CT-Agro (Fundo Setorial do Agronegócio). O secretário de Inclusão Social do Ministério da Ciência e Tecnologia, Rodrigo Rollemberg, já anunciou um reforço financeiro ao combate da ferrugem. O comitê gestor do CT-Agro, presidido por Rollemberg, deve destinar parte de seu orçamento de R$ 31 milhões para ações de combate à doença.

Os recursos do CT-Agro têm origem em 17,5% da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico), cuja arrecadação vem da incidência de alíquota de 10% sobre a remessa de recursos ao exterior para pagamento de assistência técnica, royalties, serviços técnicos especializados ou profissionais.

 

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