30 de dezembro de 2004 - 10:46

Tragédia na Ásia causou mais de 87 mil mortes

O número de mortes causadas pelo terremoto e maremoto na Ásia já passou de 87 mil após o governo da Indonésia anunciar que aumentou para 52 mil as vítimas no país. A Cruz Vermelha estima que o total de mortos chegará aos 100 mil.

Equipes de resgate e organizações de ajuda fazem esforço concentrado para chegar a áreas isoladas atingidas pelo tsunami. A Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que 5 milhões de pessoas estão desabrigada na região, a maioria sem acesso a água e comida.

Centenas de toneladas de suprimentos médicos foram levados de avião para a região, mas as Nações Unidas admitem que somente uma fração da ajuda já chegou onde é necessária, nas áreas costeiras. "Estamos fazendo muito pouco no momento", reconheceu o coordenador de ajuda de emergência da ONU, Jan Egeland, em Nova York. "Vai levar talvez entre 48 e 72 horas para podermos responder às dezenas de milhares de pessoas que gostariam de ter assistência hoje, ou melhor, ontem", disse.

Algumas pessoas não comem desde domingo e enfrentam agora a luta contra infecções de doenças como elefantíase, cólera, febre tifóide, hepatite, bronquite, pneumonia, malária, meningite e febre hemorrágica. Da Indonésia ao Sri Lanka a história é igual, com pessoas, muitas delas feridas e com fraturas e cortes, procurando por água e comida entre corpos e destroços nas ruas.

A Cruz Vermelha disse que sua prioridade na província de Aceh, na Indonésia, é prevenir a disseminação de doenças provocadas pela água. "Água para beber contaminada é a causa mais séria de morte e doenças depois de uma crise assim", disse Gerald Martone, diretor de programas de emergência das Sociedades Internacionais da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho.

A OMS disse que os sobreviventes também enfrentam contaminação química por causa da inundação de armazéns de fábricas, que liberaram produtos químicos perigosos. A OMS estima que 80% da costa oeste de Aceh tenha sido atingida e afirma que apenas um hospital está funcionando na região, sem eletricidade e combustível. Muitas estradas estão bloqueadas.

A ONU pretende levar abrigos de emergência para mais de 100 mil pessoas em Aceh. A CARE Indonésia vai distribuir 100 mil sistemas de água, que podem fornecer água para um família durante um mês.

No Sri Lanka, médicos disseram que os sobreviventes estão ficando doentes. "Eles precisam mais de remédios do que de comida e roupas agora, alguns estão com febre alta...se não tratarmos agora, muitos outros serão infectados qualquer que seja a doença que tenham", disse M. Rodrigo, secretário distrital de Trincomalee, na costa noroeste inundada pela Tsunami. Malária e dengue são endêmicas no sudeste da Ásia e a água parada e poluída cria as condições ideais para mosquitos disseminarem as doenças.

Autoridades da ONU disseram que 5 mil sacos para corpos foram levados para Meulaboh na quarta-feira e que 50 geradores para hospitais serão enviados a Banda Aceh nesta quinta-feira. O Programa Mundial de Alimentação está começando a distribuir toneladas de biscoitos com vitaminas e oito toneladas de macarrão também fortificado.

Ajuda recorde
A operação humanitária já é um dos maiores exercícios humanitários na história e 60 países já prometeram mais de US$ 220 milhões em dinheiro e centenas de milhares de dólares em suprimentos de emergência.

Navios dos Estados Unidos, Japão e Austrália estão a caminho da área do desastre com hospitais e usinas de dessalinização de água a bordo. Sete dos navios dos EUA podem produzir 342 mil litros de água limpa por dia e outro pode montar um hospital em cerca de uma semana quando chegar à Tailândia.

A Austrália disse que mandará três helicópteros para a Indonésia. A organização de caridade Oxfam disse que grupos de ajuda estão "se preparando para o desafio", mas pediu para a ONU liderar a luta.

O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, interrompeu férias para coordenar a operação de ajuda a partir de Nova York. A ONU fará um apelo por ajuda em 6 de janeiro.

 

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