28 de dezembro de 2004 - 09:47

Chuvas podem derrubar cotação da soja

Os preços da soja em Chicago poderão cair nesta semana diante das especulações de que as chuvas vão elevar a produção no Brasil e na Argentina, segundo e terceiro maiores produtores da lavoura, segundo mostrou pesquisa da Bloomberg. De 18 assessores da área agrícola, vendedores de grãos e operadores ouvidos em 23 de dezembro, 11 recomendaram vender a leguminosa. Os 76 milímetros de chuvas da semana passada em regiões do Oeste do Brasil e 25,4 milímetros na Argentina melhoraram as perspectivas de que haverá safras maiores, disse o meteorologista Charlie Notis.

"Tudo está dentro da meta de safras abundantes na América do Sul", disse Notis, co-fundador da Freese Notis Weather, em Des Moines, no estado de Iowa. "Não vejo grandes problemas ocorrendo com temperaturas normais nas duas próximas semanas".

O preço dos futuros da soja para entrega em março subiu 1% ontem na Chicago Board of Trade (CBoT), fechando a 554 centavos de dólar por bushel (US$ 203,56 a tonelada). Desde o início do mês o grão acumula alta de 4,2%, pois os agricultores americanos vêm retendo os estoques na tentativa de elevar as cotações, que caíram 27% no ano passado depois de uma safra recorde.

Em outra pesquisa, nove dos 17 operadores recomendaram vender o milho diante das expectativas de maiores vendas pelos agricultores. O preço do milho para entrega em março subiu 1,2% na semana passada, para 2,07 centavos de dólar o bushel (US$ 81,49 a tonelada) , o terceiro aumento em quatro semanas. Pesquisas semanais da Bloomberg sobre o rumo dos preços do milho foram corretas em 54% das vezes desde que começaram a ser feitas há 35 semanas. As pesquisas sobre a soja foram exatas em 48% das vezes desde que começaram há 23 semanas.

Os agricultores sul-americanos estão concluindo o plantio da soja e a colheita vai começar em fevereiro. A produção brasileira vai aumentar 23%, para o recorde de 64,5 milhões de toneladas e a produção na Argentina provavelmente crescerá 15%, registrando o recorde de 39 milhões de toneladas informou em 10 de dezembro o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda).

O preço dos futuros do milho caiu 49% em comparação com a alta histórica de abril, e o da soja recuou 48% em relação à alta recorde dos 15 últimos anos no mesmo mês diante das expectativas de safras recordes dos Estados Unidos.

O Usda estima que a safra do milho deste ano registre o recorde de 11,7 bilhões de bushels (297,2 milhões de toneladas), uma alta de 16% em comparação com a do ano anterior, e a safra da soja registre o recorde de 3,15 bilhões de bushels (85,7 milhões de toneladas), um aumento de 28% em relação a 2003.

O superávit global do milho em 1º de outubro aumentará pela primeira vez em cinco anos para 111,7 milhões de toneladas em comparação com as 95,8 milhões do ano anterior, informou o Usda em 10 de dezembro. O excedente mundial da soja será de 60,6 milhões de toneladas, uma alta de 55% em relação aos 39,1 milhões de toneladas do ano passado.

Brasil e Argentina terão 13% mais estoques de reserva de soja antes da colheita começar em 1º de março comparados com os do ano anterior, estima o Usda. Os estoques excedentes serão duas vezes maiores do que a média de cinco anos.

As compras brasileiras de estoques não-vendidos poderão desacelerar ou reverter os declínios dos preços, disse Roy Huckabay, vice-presidente executivo da Linn Group, em Chicago. "Se o Brasil não colocar um piso no mercado com algum tipo de programa de empréstimos, ou mecanismo de apoio, isso poderá levar a mais vendas" e reduzir os preços, disse Huckbay. "Os preços da soja poderão cair registrando o mínimo de 450 centavos de dólar o bushel (US$ 165,34 a tonelada) e o milho poderá alcançar 195 centavos de dólar o bushel (US$ 76,77 a tonelada) se o Brasil não retiver parte da sua safra", afirmou Huckbay.
 
Gazeta Mercantil