23 de dezembro de 2004 - 13:26

Antonio Néres faz uma reflexão sobre o Natal

UMA REFLEXÃO SOBRE O NATAL

 


*Antonio Néres

Onde estão a paz e a boa vontade cantadas pelos anjos na noite de Natal? Onde estiveram elas nos 2 mil anos que se passaram desde aquela noite? As palavras da Escritura tinham razão de ser. Elas proclamaram 'glória a Deus nas alturas e paz na Terra aos homens de boa vontade'. Não haverá uma sem a outra.

O mundo esqueceu essa verdade essencial, tanto que as atrocidades se repetem e se refinam cada vez mais. Entre as dezenas de guerras que inauguraram o século XXI, ainda estão vivas na retina de todos, a catástrofe do dia 11 de setembro de 2001, o bombardeio ao Afeganistão, os choques sangrentos entre os israelitas e os palestinos e a invasão das tropas americanas ao Iraque. O profeta Isaías sonhou com o dia em que o lobo haveria de pastar com o cordeiro. Em vez de ouvi-lo, algumas nações preferiram adotar comportamentos que dão razão à interpretação pessimista da natureza humana, segundo a qual o homem é o próprio lobo do homem.

Nós, brasileiros, podemos nos orgulhar da ausência de guerras em nosso meio, mas o dia-a-dia de nossa terra também não pratica a paz ensejada pela boa vontade. Basta reparar na violência constante e crescente que não traz tranqüilidade a ninguém. A fome também é agressão e não pode ser saciada apenas com gestos de filantropia, mas com doses maciças de políticas públicas e de justiça social.

É curioso verificar que foi esquecida a mensagem de paz, mas não o símbolo do ouro, do incenso e da mirra que os Reis Magos levaram ao presépio. Mal interpretados, eles assumem hoje proporções de uma grande festa de consumo, que esvazia o sentido espiritual da celebração do nascimento de Cristo e entristece todos quantos não têm condições de comprar um presente para seus filhos. O Natal pode ser, acima de tudo, um momento para repensar os valores sobre os quais estão embasadas as sociedades, as relações entre os seres humanos, a partir de cada um de nós, retomando os caminhos do entendimento, da boa vontade e da paz. Aos meus prezados ouvintes e leitores, um feliz e autêntico Natal. E um Ano-Novo de muita paz e boa vontade.

O Autor é cidadão douradense, jateiense, radialista e jornalista.