Mato Grosso do Sul será o Estado mais afetado dos que possuem empreendimentos do Frigorífico Margen, investigado pela Polícia Federal por sonegação fiscal, formação de quadrilha e tráfico de influência. O volume de abate diário, que era de 8 mil mensais, restringe apenas 15% do total; a perda de mercado terá como conseqüência a demissão em massa, com ameaça de mandar embora cinco mil dos onze mil funcionários do grupo.

O mercado também foi atingido pelo escândalo do Frigorífico Margen, que começou a ser investigado no início do mês na operação denominada Perseu. Os criadores começaram a colocar gado no mercado, com receio de não ter para quem vender, o que provocou a queda nas negociações do gado gordo. Dos treze mandados de prisão, onze foram cumpridos e centenas de documentos da empresa estão em poder dos federais.

Os diretores do grupo foram presos e nenhum conseguiu ser beneficiado com habeas corpus. A ausência deles, segundo o gerente comercial do grupo, Wagner Cyrne Diniz, teve como conseqüência o corte das linhas de créditos bancários, reduzindo drasticamente o capital de giro e a capacidade de negociação no mercado.

"Os bancos não só retiveram o que era contratualmente acertado, mas bloquearam o valor excedente", disse, em entrevista ao jornal Valor Econômico. O reflexo da operação já está sendo calculado para este mês. Enquanto em outubro, as receitas com embarques de exportação – o que representava 50% da produção – totalizaram US$ 20 milhões, devem finalizar em dezembro com resultado ínfimo de US$ 2 milhões.

Em Mato Grosso do Sul, devem ser demitidos 2,5 mil funcionários das unidades de Três Lagoas, Paranaíba, Batayporã, Naviraí, Amambai, Coxim e Rio Verde. As demissões começaram pelo frigorífico de Batayporã, onde 360 trabalhadores foram dispensados. Apenas alguns dos setores administrativos continuam cumprindo expediente e os diretores não são encontrados na empresa. A unidade abatia uma média de 700 cabeças ao dia.