Folha | 30 de maio de 2011 - 15:49

Taxas e combustível são 39% dos gastos em cruzeiros no Brasil

Os cruzeiros marítimos pelo Brasil movimentaram R$ 1,3 bilhão na temporada 2010/2011, segundo estudo da FGV (Fundação Getúlio Vargas) apresentado nesta segunda-feira (30). Chama a atenção que 39% desse total corresponde apenas a gastos com combustíveis (R$ 291,7 mi) e taxas portuárias e impostos (R$ 215,2 mi).

 

R$ 1,3 bi Gasto total gerado com cruzeiros no Brasil 40% gastos dos passageiros e tripulantes nas cidades portuárias 39% combustíveis, taxas portuárias e impostos 21% suprimentos a bordo, comissões a agentes e operadoras, água e lixo

Mas Airton Pereira de Nogueira Junior, coordenador da pesquisa, ressaltou o efeito cascata na economia em terra, para além dos navios.

Afinal, quase a mesma porcentagem anterior, de 40% do total (R$ 522,5 milhões), foi gerada pelos gastos dos turistas e dos tripulantes nas cidades dos portos --de embarque, desembarque e trânsito. Veja abaixo como se distribui esse gasto em terra, realizado principalmente no comércio varejista e com alimentos e bebidas.

 

R$ 522,5 mi Gastos dos passageiros e tripulantes nas cidades portuárias R$ 172,6 mi comércio varejista R$ 155,1 mi alimentos e bebidas R$ 80,3 mi transporte antes ou depois do cruzeiro R$ 67,6 mi passeios turísticos R$ 30,5 mi transporte nos portos de escala R$ 16,4 mi hospedagem antes ou depois do cruzeiro

As principais cidades portuárias envolvidas nessa conta são, na ordem: Rio de Janeiro (RJ), com R$ 102,9 milhões; Santos (SP), com R$ 86,6 milhões; Búzios (RJ), com R$ 57 milhões; Salvador (BA), com R$ 43,9 milhões; e Ilhabela (SP), com 42,3 milhões.

Os cinco destinos representam cerca de 64% desses gastos terrestres e 80% do total de escalas de cruzeiros, entre os 16 portos brasileiros.

 

  Rafael Andrade/Folhapress   Terminal de embarque e desembarque de navios de cruzeiro, na praça Mauá, zona portuária do centro do Rio

SUPRIMENTOS

Os quase 20% restantes na conta vêm do navio em si, com suprimentos de alimentos e bebidas a bordo (R$ 133,5 mi), comissões a agentes e operadoras (R$ 122,9 mi), além de água e lixo (R$ 28,1 mi).

A temporada teve 20 navios, que transportaram 792.752 cruzeiristas --12% estrangeiros. Seis anos antes, na temporada 2004/2005, quando a FGV havia feito seu primeiro e então único estudo abrangente sobre o setor, eram apenas seis navios transportando 139 mil cruzeiristas --cerca de cinco vezes menos.

Outra maneira de determinar o impacto econômico em cascata dos cruzeiros no Brasil é pelos empregos gerados. Foram 20.638 postos de trabalho na última temporada, sendo cerca de 5 mil tripulantes e o restante calculado pelos gastos dos turistas nas cidades portuárias, além da cadeia produtiva de apoio.

O CRUZEIRISTA

O perfil identificado do passageiro de cruzeiros no Brasil na última temporada, com base em 4.000 questionários, é que 55,8% são mulheres, 26,3% possuem entre 25 a 34 anos e 58,1% têm ensino superior completo (68,2%, incluindo os com pós-graduação).

Quanto à companhia, 43,8% viajaram com cônjuge ou namorado (a). Além disso, 62,7% fizeram seu primeiro cruzeiro, 88,9% desceram em ao menos uma das escalas e 61,1% vieram do Estado de São Paulo.

O estudo foi encomendado pela Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (Abremar) e apresentado na abertura do evento Seatrade South America Cruise Convention, em São Paulo.