R7 | 27 de maio de 2011 - 10:48

Queda do voo Rio-Paris durou três minutos e meio, aponta investigação

Os pilotos do voo Rio-Paris lutaram com os controles do avião da Air France por mais de quatro minutos, antes de a aeronave cair no oceano Atlântico com o nariz para cima, disseram investigadores nesta sexta-feira (27). A queda em si durou três minutos e meio, e o acidente, em 2009, matou todos os 228 ocupantes, sendo 59 brasileiros.

 

Os técnicos também apuraram erros na medição da velocidade do avião da Air France, o que desligou o piloto automático quatro minutos antes de a aeronave cair no Atlântico.

Com base nos dados das caixas-pretas, recuperadas neste mês no fundo do mar, os peritos afirmaram que a emergência começou com um alerta duas horas e meia após a decolagem do avião.

Nesse momento, o capitão da aeronave havia acabado de deixar a cabine para descansar, o que foi descrito como um procedimento normal.

O Airbus A330 subiu para uma altitude de cerca de 11.600 metros e começou uma descida que durou três minutos e meio, deslizando no ar da esquerda para a direita. O menos experiente dos três pilotos, descrevem os investigadores, passou o comando para o segundo principal piloto um minuto antes do impacto.

A sequência foi descrita em uma nota elaborada pelo Escritório de Investigações e Análises (BEA), órgão do governo francês responsável pelas investigações.

BEA lançará relatório mais completo em junho

As informações têm como base os dados contidos nas caixas-pretas do avião, encontradas neste mês no fundo do oceano Atlântico. Nos próximos meses, o BEA deve elaborar um relatório mais completo sobre o acidente.

Nesta quinta-feira, o órgão havia dito que divulgaria apenas "elementos factuais sobre o decurso do voo que determinarão as circunstâncias do acidente, mas de forma nenhuma suas causas".

Mesmo assim, a Airbus afirmou, em comunicado, que as informações preliminares são um "passo significativo" para entender as causas da queda do avião A330 no oceano Atlântico.

- O trabalho do BEA constitui um passo significante para a identificação completa da cadeia de eventos que levou ao trágico acidente do voo 447 da Air France em 2009.

Caixas pretas

As circunstâncias do acidente permanecem um mistério desde 2009, quando o Airbus A330 da Air France caiu no meio do Atlântico.
Mas a descoberta das caixas-pretas - que contêm os dados do voo bem como as gravações das conversas dos pilotos - deu a famílias das vítimas e autoridades a esperança de que a verdade possa ser esclarecida.

As caixas-pretas estão sendo analisadas pelos especialistas do BEA, que devem publicar em junho o primeiro relatório provisório sobre as causas do acidente.

No entanto, o órgão enfrenta a uma enorme pressão midiática por causa dos constantes vazamentos sobre os elementos da investigação, o que provocou a indignação dos familiares das vítimas.

Em carta enviada ao primeiro-ministro da França, François Fillon, os parentes mostraram "dúvidas" sobre "a autonomia" do BEA para dirigir a investigação, após a "divulgação de informações que deveriam ser confidenciais".