Notícias MS | 25 de maio de 2011 - 06:03

Articulação de produtores e governo abre mercado para carne orgânica de MS

Produtores de carne bovina orgânica de Mato Grosso do Sul estão conseguindo abertura de mercado para o produto, tendo a Itália como porta de entrada para futuramente conquistar consumidores em mais países da Europa. Na noite desta segunda-feira (23), um jantar de degustação em Campo Grande promovido pela Associação Brasileira de Produtores Orgânicos (ABPO Pantanal Orgânico) marcou o avanço nos negócios com a região italiana de Abruzzo.

O evento reuniu, além de integrantes da ABPO, os parceiros do WWF-Brasil e Movimento Slow Food, e foi prestigiado pelo governador André Puccinelli e a secretária Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias (Seprotur), apontados pelos produtores como importantes articuladores e apoiadores para abertura desse mercado.

“O nosso governador foi à Europa para divulgar [esse potencial] e isso deu resultado. A ABPO está agora trilhando essa porteira aberta pelo governador usando a Itália como porta de entrada para os países europeus”, disse o presidente da ABPO, Leonardo Leite de Barros. “Eu realmente creio nessa parceria público-privada, porque é uma ação que não precisa de investimentos vultosos”.

Conforme Barros, a intenção não é vender a carne em tão grande escala, como commodity, concorrendo com as grandes indústrias, e sim criar uma marca como produto diferenciado e aproveitar um nicho específico de mercado, que valoriza na produção a sustentabilidade socioambiental e a rastreabilidade da criação em modelo orgânico. “Para nós é um aprendizado”, diz o presidente da ABPO, que estima chegar ao fim do ano com a comercialização média mensal de 1.000 cabeças de bovinos vendidas no negócio que está sendo fechado. Ele explica que o mercado comprador envolve inicialmente um pool de empresários italianos da região de Abruzzo.

De acordo com o consultor Marco Verticelli, do Instituto Caporale, e representante comercial da ABPO na Itália, há grande interesse por esse produto diferenciado e cabe agora a quem produz atuar tecnicamente dentro do que é exigido para garantir participação nesse mercado.

O governador André Puccinelli disse que é importante trabalhar para obter o reconhecimento do valor – e melhores preços – para essa carne orgânica pantaneira nesses novos mercados. “Agora eles já nos conhecem, lá tem público [mercado para a produção], e através dessa parceria queremos expandir os negócios”, disse André.

A secretária estadual de Produção explica que o diferencial da carne orgânica exigido – e bem aceito – pelos compradores envolve uma série de normas bem definidas, desde o nascimento do bezerro, passando pelo abate. “Eles querem saber como esse animal é criado, tem todo um protocolo a ser seguido, na alimentação, com o uso de sal especial, com a certificação da propriedade pela associação de produtores orgânicos, com cuidados socioambientais”, exemplifica Tereza Cristina. “O que nós precisamos é estar organizados para aproveitar esses nichos”.