Folha | 5 de maio de 2011 - 17:51

Cicloturistas improvisam por rotas em todo o Brasil

São Paulo tem uma ciclovia em que se percorrem 14 quilômetros, ligando os bairros de Vila Olímpia e Interlagos. Mas a psicóloga Tânia Gasparian, 49, que se iniciou na prática frequente de cicloturismo há um ano e meio, apesar de "achar gostoso e seguro" pedalar lá, sente falta de estrutura e variedade: "é uma reta só", diz ela.

Há também dificuldade para chegar nessa via própria para bicicletas pela estação de trem via escadas.

Já em Santos, litoral paulista, apesar da ciclovia não ser separada de pedestres, o passeio é bem melhor, segundo Tânia. "Ao lado do calçadão santista, tem toda a estrutura dos quiosques."

Também há opções de pistas para ciclistas no Rio, em Sorocaba e em Curitiba.

 

  Eduardo Knapp-19.dez.2009/Folhapress   No final de 2009, ciclistas testam a viabilidade da rota cicloturística Márcia Prado, que une Grajaú a Santos

Cruzando municípios, há as cicloviagens, seja em caminhos de peregrinação, ou ainda acostamento de estradas ou estradas vicinais, na falta de vias próprias. É o que explica Michael Holzhacker, 58, que participa de cicloviagens há cerca de dez anos, tanto no Brasil como em países do exterior. Já na Europa, por exemplo, esse improviso não tem lugar.

Entre a capital paulista e o litoral, a rota cicloturística Márcia Prado parte do bairro do Grajaú e vai até Santos.

Mas Holzhacker diz que, no Brasil, conhece ciclovias de verdade que cruzam cidades só na Baixada Santista, passando por Santos, Guarujá, Praia Grande, até Mongaguá. Frequentemente, os ciclistas trafegam por "cicloviagens programadas", explica ele.

Tânia Gasparian já percorreu de bicicleta o trecho de Cunha (SP) a Parati (RJ). Esse não é um caminho tão difícil para iniciantes: tem descidas e não é tão longo.

Exemplos são o chamado Caminho do Sol, de Santana de Parnaíba a Águas de São Pedro; o Caminho da Fé, que termina em Aparecida do Norte e começa em Tambaú, Casa Verde ou São João da Boa Vista, entre outras.

EXCURSÕES

Além do pessoal que se reúne informalmente, há grupos especializados. O analista de sistemas Sérgio Augusto Affonso, 40, atua no Clube dos Amigos da Bike (www.cab.com.br) há 13 anos. O grupo tem até ônibus que leva participantes e monitores que consertam as bicicletas, organiza cerca de duas cicloviagens por mês, e cobra de R$ 100 a R$ 150 por dia. Em geral são finais de semana, ou ainda feriados prolongados, como o da Páscoa.

Em agosto, está programada uma cicloviagem pela Serra da Graciosa, que passa por Curitiba (PR). Ele diz que o percurso é destinado a iniciantes, com descidas, e possui bebedouros no caminho. Mas há outras rotas voltadas aos mais experientes.