Folha | 3 de maio de 2011 - 12:55

Juízes federais na mira do crime em MS

Levantamento da Ajufe (Associação dos Juízes Federais) mostra que 40 dos cerca de 300 juízes federais de varas criminais do país estão sob ameaça do crime organizado. Um dos casos mais emblemáticos é do juiz federal Odilon de Oliveira, de Mato Grosso do Sul, que leva uma vida sob intensa proteção da Polícia Federal.
Segundo reportagem na Folha desta terça-feira, há casos de juízes que têm os passos monitorados, abdicam de sua vida social e acabam pedindo transferência. A Polícia Federal disse que não tem conhecimento do número.

Há casos de juízes, narra o diário paulista, que têm os passos monitorados por criminosos, abdicam de sua vida social e acabam pedindo transferência para outros Estados.

A pesquisa acerca da segurança dos magistrados foi preparada pela Ajufe (Associação dos Juízes Federais), que considera insuficiente a proteção oferecida aos magistrado, a cargo da Polícia Federal.

O corte no orçamento da PF teve consequência imediata na proteção dos juízes.

O único juiz federal que recebe proteção permanente da PF, Odilon de Oliveira, afirma que foi reduzido o número de agentes que faziam sua segurança.

Especializado no combate a crimes financeiros e ameaçado de morte por organizações que atuam na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai, Oliveira recebe proteção há 13 anos.

Sua segurança, antes a cargo de nove agentes, hoje é feita por seis. As equipes foram completadas com agentes de segurança patrimonial da Justiça. "Não é um pessoal treinado e serve apenas de motorista", diz.
Em fevereiro, a PF descobriu um plano para matar a juíza Lisa Taubemblatt, de Ponta Porã (MS).

O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) anunciou proteção especial a ela, que atua em um processo contra uma quadrilha de tráfico de drogas e armas.

Mas, segundo a juíza, os agentes só apareceram cerca de duas semanas após a promessa e foram embora dias depois. "O carro deles ficou dias parado lá [em frente à vara], e ainda de forma irregular. O máximo que ele fazia era estragar o gramado."

Outros juízes ameaçados contam somente com a proteção dos seguranças das varas em que trabalham -caso de 3 dos 10 que atuam em varas criminais do Rio.

A Ajufe defende a criação de uma polícia judiciária, dedicada exclusivamente à proteção dos magistrados.