Uol | 7 de abril de 2011 - 15:50

Fifa atrasa licenciamento de produtos e abre espaço para pirataria

O presidente Joseph Blatter fez duras críticas ao andamento das obras dos estádios da Copa de 2014, mas a própria Fifa tem deixado de lado um dever de casa importante. A pouco mais de três anos do pontapé inicial do Mundial, ainda não há uma estratégia definida para a venda de produtos oficiais. A justificativa é a falência da Global Brands Group (GBG), empresa que detinha a exclusividade mundial nos licenciamentos, que declarou insolvência há quase cinco meses. Os piratas já aproveitam a brecha para inundar os sites de vendas com os seus produtos.

No Mercado Livre, uma camiseta com a logomarca oficial sai por R$ 25. Há de tudo: desde pôsteres dos estádios (que ainda não estão prontos) até capas para IPhones. Através do mesmo site, que é apenas uma interface para o comércio eletrônico e não se responsabiliza pelos produtos oferecidos, também é possível comprar chaveiros e adesivos com a marca dos Jogos Olímpicos de 2016.

 

A Fifa ainda não estabeleceu uma data para começar a vender os produtos oficiais da Copa de 2014. Através da sua assessoria no Brasil, a entidade máxima do futebol informou que a falência da GBG obrigou a uma reavaliação total da estratégia de marketing para o Mundial. O contrato com a Fifa tinha validade de 2007 a 2014. A empresa, com sede em Singapura, fechou as portas em novembro do ano passado, declarando ter uma dívida estimada entre 100 e 150 milhões de dólares (de R$ 161 a 241 milhões).

 

Mas é bom a Fifa se apressar para escolher o novo parceiro e definir uma estratégia de licenciamento e proteção dos produtos. Para se ter uma ideia, segundo o balanço disponível no site oficial, a Copa do Mundo de 2010 rendeu à entidade uma receita de 3,655 bilhões de dólares (R$ 5,884 bilhões), contra uma despesa de 1,298 (R$ 2,089 bilhões). A venda dos direitos televisivos, responsável por 65% do que entrou nos cofres da Fifa, ainda é a maior fonte de renda. Mas os direitos de marketing responderam por 44% da receita da Copa.

 

“A FIFA tenta ao máximo restringir a comercialização de produtos que usem marcas protegidas sem autorização”, diz a sua assessoria. “Primeiramente, toma medidas para assegurar a proteção das propriedades intelectuais em concordância com as leis de marcas e patentes vigentes. Além do mais, informa as autoridades sobre como diferenciar produtos não autorizados dos genuínos oficiais. Trata-se de uma tentativa de restringir a entrada de tais produtos no Brasil.”

 

Em contraste com a lentidão da Fifa, o Rio 2016 já trabalha contra a pirataria. Segundo a assessoria do comitê organizador da Olimpíada, já houve denúncias de uso indevido da marca por pessoas e empresas, que foram notificadas. “A legislação vigente no Brasil oferece ampla proteção contra o marketing de emboscada [invasão do espaço de um veículo de comunicação sem o amparo contratual] e o comércio informal, mas o Comitê Organizador Rio 2016 obteve a garantia dos três níveis de Governo de que trabalharão em estreita colaboração para modificar ou introduzir nova legislação se for necessário”, informa a assessoria.

 

Enquanto a Fifa discute a estratégia de marketing a três anos do mundial, o início da venda de produtos oficiais da Olimpíada de 2016 está previsto para o primeiro semestre de 2012, quatro anos antes do evento, com o lançamento de uma loja virtual. A expectativa é de que os licenciamentos movimentem cerca de R$ 1 bilhão na economia brasileira.