Extra | 6 de abril de 2011 - 13:12

Novela: Primeiro capítulo de "Amor e revolução" tem pouco amor e muita revolução

O melhor momento do primeiro capítulo de "Amor e revolução", nova novela do SBT, que marcou 7, 3 pontos em sua estreia, ficou para o fim: a abertura. Ao som de "Roda viva", de Chico Buarque, ela mostra jornalistas, estudantes e outros personagens sumindo em cena, numa alusão aos desaparecidos ou capturados pelo regime militar. O restante do capítulo se limitou a uma breve apresentação dos personagens, quase sempre sendo perseguidos, o que tornou o capítulo um pouco cansativo.

Que o rico período histórico, que começa com o golpe militar de 1964, dá uma boa história, ninguém tem dúvidas. Na estreia da trama de Tiago Santiago, ficou faltando retratar um pouco do charme, e não só a opressão, da época. Seria essa também uma maneira de seduzir o espectador, nostálgico ou não.

A reconstituição dos anos de chumbo, sem grandes inspirações da direção de arte, foi apenas correta. A trilha sonora deu mais emoção à história, mas não precisa ser banalizada. A bela canção "O que será (à flor da pele)", de Chico Buarque, por exemplo, virou pano de fundo de uma cena em que aparecia um jipe militar chegando ao quartel, ficando deslocada. A presença de "Alegria, alegria", de Caetano Veloso, na trilha parece uma aposta equivocada. A música ficou muito marcada pela minissérie "Anos rebeldes", exibida em 1992 na Globo. Para quem já passou dos 30 anos, a comparação com a história de Gilberto Braga e Sérgio Marques é inevitável. Para voltar a falar da mesma história, com elementos parecidos, como o amor impossível entre ideologias tão diferentes, é preciso um pouco de originalidade.

Mas o maior pecado da história foi a direção. De atores e das cenas. Por exemplo: o pequeno comício, que serviu de apresentação da personagem Maria Paixão (Graziella Schmmit), mostrava a heroína discursando para poucos estudantes. Eram poucos, artificialmente alinhados no pátio de uma escola, sem grande entusiasmo, reagindo burocraticamente às palavras de Maria. Logo no início também, José Guerra (Claudio Lins) reconhece o corpo da noiva, morta a tiros. Diante do brutal assassinato, a reação foi, no máximo, como se ele tivesse quebrado um dente.

Do mais, a estreia teve cena de nudez, Lúcia Veríssimo tomou banho de cachoeira com o namorado guerrilheiro, e poucas boas interpretações. Seria injusto já julgar o elenco como um todo, mas Patricia de Sabrit e Gabriela Alves se destacaram nas cenas. A iniciativa do SBT de levar a novela ao ar é louvável. Ficou a esperança de que dias melhores virão.