R7 | 1 de abril de 2011 - 11:40

Brasil aumenta rigor na importação de comida do Japão

O governo brasileiro será mais rigoroso na entrada de alimentos importados do Japão no país. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e o Ministério da Agricultura divulgaram nesta quinta-feira (31), em nota, que a importação de alimentos japoneses estará condicionada à apresentação de declaração das autoridades sanitárias do Japão de que os produtos não contêm níveis de radiação acima dos limites permitidos.

A nota informa ainda que haverá “monitoramento aleatório de amostras de produtos alimentícios que chegam ao Brasil”. Os “produtos que apresentarem níveis de radionuclídeos (elemento radioativo) acima dos limites permitidos pelo Codex Alimentarius (fórum internacional de normalização sobre alimentos) não serão disponibilizados ao mercado e serão devidamente descartados ou rechaçados ao Japão”.
 
A coleta de amostras será realizada pela Anvisa ou pelo Ministério da Agricultura, de acordo com as competências legais de cada órgão, e encaminhadas ao IRD (Instituto da Radioproteção e Dosimetria) ou ao Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), da Comissão Nacional de Energia Nuclear, para análise.
 
O governo brasileiro intensificará, também, a fiscalização de voos vindos do Japão para garantir que viajantes não ingressem no país trazendo alimentos provenientes daquele de território japonês. Avisos sonoros nas aeronaves e nas salas de espera dos aeroportos reforçarão a orientação aos passageiros.
 
A exigência de declaração para importação de alimentos será implementada a partir de segunda-feira (4), após a publicação, no Diário Oficial da União, da Resolução da Anvisa que vai oficializar as decisões publicadas pela nota técnica.
 
Segundo as autoridades brasileiras, as medidas de controle anunciadas “têm caráter eminentemente preventivo”. Além disso, informam que o “volume de alimentos importados do Japão é reduzido e não há registro de importação deste tipo de produto ao Brasil após o acidente radionuclear no Japão”.
 
Dados
 
Em relação à concentração de elementos radioativos em alimentos, os dados divulgados pelas autoridades japonesas indicam que, de um total de 669 amostras de alimentos analisadas até esta quinta-feira (31), 124 amostras apresentaram níveis de concentração de elementos radioativos acima dos limites estabelecidos pelas autoridades japonesas para consumo humano.

Amostras de leite e vários tipos de vegetais, carne, ovos e peixe de 13 prefeituras japonesas foram analisadas. Entre elas, foram identificados níveis superiores aos limites estabelecidos pelas autoridades japonesas em amostras de diferentes vegetais e leite nas prefeituras de Chiba, Fukushima, Gunma, Ibaraki, Tochigi e Tokyo.
 
As autoridades japonesas informam ainda ter monitorado um total de 91.768 pessoas. Em somente 98 delas foram detectados valores de contaminação acima dos limites estabelecidos. Mesmo nesses casos, ficaram abaixo do limite após a troca das roupas. Um fator que contribuiu para este baixo percentual foi a retirada preventiva das pessoas, que foi efetuada pelas autoridades japonesas antes do agravamento da situação.
 
Não existem voos diretos do Japão para o Brasil e, em algumas escalas, já está sendo realizado o monitoramento de passageiros vindos do Japão. Até esta quinta-feira, não há informação sobre pessoas que tenham apresentado contaminação relevante nessas viagens.