| 17 de mar�o de 2011 - 08:26

BC deveria reduzir meta de inflação diz economista da FGV

Em trajetória ascendente, a inflação vai superar o teto da meta do governo (6,5%) no acumulado em 12 meses nas próximas divulgações do IPCA, mas deve perder força e fechar o ano muito perto dos 5,9% de 2010, opina Salomão Quadros, coordenador de análises econômicas da FGV (Fundação Getulio Vargas). Em 12 meses, o índice do IBGE soma alta de 6,01% até fevereiro.

É que há, diz, a previsão de arrefecimento dos preços das commodities internacionais e os bens de consumo -- excluídos os alimentos -- devem registrar uma variação de preço muito baixa.

Para o economista, o governo, porém, já trabalha para que a inflação convirja para o centro (4,5%) da meta em 2012, e não mais neste ano. Quadros criticou, no entanto, a decisão do governo de manter a meta em 4,5% -- com intervalo de tolerância de dois pontos para cima ou para baixo. Em vigor desde 2005, o percentual já foi fixado como o objetivo central do governo até 2012.

O economista compara a situação brasileira à chilena. O Chile, diz, adotou o regime de metas nos anos 90 e desde o início dos anos 2000 estipulou a meta entre 2% e 4%. "E cumpriu o objetivo em 75% das vezes. Mas o Chile tem um Banco Central independente e isso faz diferença", disse Quadros, no Seminário de Análise Conjuntural do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da FGV).

Para Quadros, o sistema de metas no Brasil já perdura há mais de uma década e deveria perseguir índices menores de inflação -- que neste ano, apesar do repique de janeiro e fevereiro, sofrerá o efeito positivo das importações mais baratas por conta do câmbio.

Se os importados ajudam a conter os preços, eles ampliam o descompasso entre a indústria e o comércio -- que se beneficia com a venda de produtos mais baratos vindos do exterior.

Para Aloísio Campelo, economista da FGV, a expansão das importações é o principal motivo da distância entre as vendas do comércio e a produção da indústria. Nos últimos cinco anos (dezembro de 2005 a dezembro de 2010), o setor fabril cresceu 31% -- taxa próxima ao avanço de 31% das exportações brasileiras. Já o varejo viu suas vendas subirem 61% no período. O ritmo é inferior, mas mais próximo da expansão do volume de exportações -- 80%.

Em seus cálculos, economista usou dados do IBGE para indústria e comércio e indicadores de quantidades de exportações e importações.