| 16 de mar�o de 2011 - 18:00

Leia a coluna Fala Sério "Hei! Tá esperando o que?" por A.J.Rettenmaier

Hei! Tá esperando o que?



Só falta tentar me convencer de que já é muito tarde para realizar seus
sonhos. Não vai adiantar nada porque eu sei tanto quanto você que seu tempo
está apenas começando.

Nada do que disser será levado em conta e muito menos usado em seu favor no
tribunal. Talvez o único problema seja que você está de camisa de mangas
compridas e com preguiça para arregaçá-las, mas se quiser uma ajuda eu posso
pegar uma tesoura e cortá-las. Ficará uma camisa customizada como dizem por
aí, e lhe deixará com os braços livres. Ou quem sabe o problema esteja nas
mãos que lhe parecem ter dedos demais ou atrapalhados ou na cabeça que não
consegue pensar direito. Talvez se pegasse em um fio desencapado seus dedos
respondessem ao choque ou se levasse uma tapa na cabeça seus neurônios
agitassem esse cérebro descansado. Se me disser que seus pés não querem se
mover posso arrumar alguém calçando salto e bem fininho para pisar naquele
dedão com unha encravada pela preguiça. Agora se disser que seu corpo todo
não responde, então a única solução quem sabe sejam uns bons safanões.
Alguns bons tombos às vezes nos fazem aprender a rolar e levantar sem sequer
sair com arranhões.

Tá esperando o que? Que os outros passem na sua frente com largos sorrisos e
rebolados de felicidade? Se bem pensado verá que isto já deve estar
acontecendo, e você nem está notando. Claro! Tem medo até de pisar em uma
poça de água na rua porque poderá levá-lo a um precipício sem fim, ou até
mesmo ao outro lado do mundo e você não sabe falar japonês. Já imaginou o
terror que seria tropeçar em uma pedra solta na calçada? Torcer o tornozelo
ao descer do meio-fio para atravessar a rua? Ou o pior, ser atropelado por
um patinete na faixa de segurança. Imagine! Você tem toda razão! Sabe que
pensando assim, não vale mesmo à pena arriscar porque senão, até mesmo um
chiclete jogado na calçada pode prender seus passos, não?

Fique aí mesmo onde está, porque a felicidade realmente é muito difícil.
Realizar sonhos requer imaginar e criar alguns pesadelos para atrapalhar, e
principalmente acreditar naqueles que gostam de lhe ver ou gostariam de
colocar do jeito que está.

Não me peça para massagear suas pernas porque tiveram que andar um pouco
mais e nem suas costas curvadas de tanto andar olhando para o chão. Achou
alguma nota de mil, achou? Não, não é?

Agora, se me der licença, tenho mais o que fazer, porque eu continuo
correndo atrás dos meus sonhos. E olha que aos poucos estão se tornando
reais, viu?

E então? Tá esperando o que? Vai ficar aí parecendo relógio sem corda?

Antonio Jorge Rettenmaier, Cronista, Escritor e Palestrante, membro da AGEI,
Associação Gaúcha dos Escritores Independentes. Esta coluna está em mais de
oitenta jornais impressos e eletrônicos no Brasil e Exterior. Obrigado à
todos que têm enviado emails(ajrs010@gmail.com) e pudemos responder com o
maior carinho.