Folha | 15 de mar�o de 2011 - 16:55

Bancos reduzem previsão de alta do PIB para 4,2% em 2011

Os bancos brasileiros reduziram a previsão para o crescimento da economia neste ano, enquanto esperam, por outro lado, um encurtamento do ciclo de aumento dos juros no país. É o que aponta levantamento da Febraban (Federação Brasileira de Bancos) divulgado nesta terça-feira.

A pesquisa mostra ainda que as instituições preveem um cenário de maior inflação e crescimento menor do crédito pela frente. Os 31 analistas consultados pela Febraban esperam expansão de 4,2% do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano, contra 4,6% previstos no levantamento de fevereiro. Para 2012, a previsão é de 4,4%.

Para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), a inflação oficial do país, a projeção para 2011 ficou em 5,8%, ante 5,5% no levantamento anterior. O número se aproxima do teto da meta do governo, de 6,5%.

Ainda assim, o mercado bancário espera que o Banco Central promova apenas mais uma elevação na taxa básica de juros, a Selic (atualmente em 11,75% ao ano), para 12,25%, na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), em 20 de abril. Os analistas preveem que a taxa deve se manter neste patamar até o fim do ano.

A Febraban mostra que 44% dos bancos ouvidos apostam que o ciclo de aperto monetário será encurtado e que o governo optará por adotar novas medidas alternativas de restrição ao crédito --como as anunciadas no final de 2010-- para reduzir as pressões inflacionárias.

Segundo Rubens Sardenberg, economista-chefe da Febraban, caso novas medidas alternativas sejam tomadas, devem seguir a receita adotada pelo Banco Central desde dezembro: elevação dos compulsórios (fatia dos recursos dos bancos que fica retida no BC), redução dos prazos de financiamento e exigência de mais capital dos bancos para poderem emprestar. Essas medidas são chamadas no mercado de "macroprudenciais".

"Acho que estamos falando de mais do mesmo, talvez impactando um número maior de operações", disse Sardenberg. As primeiras medidas anunciadas pelo BC afetaram mais diretamente o financiamento de veículos, o crédito pessoal e o consignado.

Essas medidas, inclusive, foram as responsáveis pela redução das expectativas para o crescimento do crédito neste ano, de 18% para 17,4%. As principais afetadas foram as estimativas para o aumento das operações com recursos livres, que caíram de 17,3% para 16,6%.

Mas, mesmo com a expectativa de piora nas condições de crédito, a projeção para inadimplência manteve-se em 4,5%, segundo a pesquisa da Febraban.

"É um cenário de expectativa de crescimento um pouco menor, com a inflação subindo mais e o crédito menos, mas ainda sim um cenário bastante positivo", afirmou. "Um cenário de crescimento econômico e expansão do crédito, com turbulências localizadas no mercado internacional, mas sem expectativa de grandes mudanças no cenário por causa disso."