21 de fevereiro de 2011 - 18:12

Itamaraty negocia avião para resgatar 123 brasileiros na Líbia

O ministro das Relações Exteriores Antonio Patriota afirmou que o embaixador líbio em Brasília foi chamado na tarde desta segunda-feira para negociar a retirada de 123 brasileiros da cidade de Benghazi, o epicentro dos protestos antigoverno na Líbia. Mulheres e crianças devem sair do país primeiro.

O objetivo da reunião, conduzida pelo secretário geral do Itamaraty, Rui Nogueira, é pedir a cooperação das autoridades líbias para que um avião fretado pela construtora Queiroz Galvão seja autorizado a decolar do aeroporto de Benghazi em direção à capital Trípoli levando os brasileiros.

Como nem todos desejam sair do país, em um primeiro momento apenas mulheres e crianças sairão da Líbia. Patriota disse também que o Itamaraty possui planos de contingência para retirar brasileiros da Líbia caso a autorização para a decolagem do avião de Benghazi seja negada. Ele não revelou qual será a estratégia.

Além disso, outros 30 brasileiros estão em conversação com portugueses para sair de Benghazi. O Brasil vai discutir com o governo de Portugal uma ação conjunta.

O chanceler condenou também a repressão a manifestantes. "O Brasil repudia atos de violência contra manifestantes desarmados e vemos com grande preocupação os desenvolvimentos na Líbia. Parece que alcançaram um padrão de violência absolutamente inaceitável", disse Patriota em entrevista coletiva em São Paulo.

VIOLÊNCIA

Na esteira das manifestações que derrubaram os ditadores da Tunísia e do Egito recentemente, os protestos chegaram à Líbia contra o líder Muammar Gaddafi, há mais de 40 anos no poder.

Nesta segunda-feira, os protestos atingiram a capital Trípoli pela primeira vez e, segundo relatos de testemunhas, dezenas de pessoas morreram em confrontos com as forças de segurança.

Questionado se o Brasil poderia dar asilo político ao líder Gaddafi, o ministro disse que "não há fundamento algum nesta notícia". Patriota acrescentou que a questão "não se coloca porque não houve uma solicitação formal do governo líbio".

Patriota esteve reunido com empresários na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e abordou a visita do presidente norte-americano, Barack Obama, ao Brasil, em março. Ele também discutiu o fortalecimento regional do Brasil e da América do Sul.