Folha Online | 21 de fevereiro de 2011 - 12:34

GP do Bahrein é cancelado e F-1 só vai começar no final de março

O GP de Bahrein foi cancelado e a F-1 só terá 19 provas em 2011.

Os organizadores resolveram tomar a medida por conta dos conflitos internos no país. A prova iria abrir o campeonato no segundo final de semana de março (entre os dias 11 e 13). Assim, a temporada irá começar em 27 de março em Melbourne, na Austrália.

Na semana passada, a prova de GP2 foi cancelada justamente devido à crise política no Bahrein.

No domingo, Bernie Ecclestone, detentor dos direitos comerciais da categoria, se livrou da responsabilidade e deixou a decisão nas mãos do príncipe do Bahrein.

Nesta segunda-feira, o príncipe Salman bin Hamad Al Khalifa, que tem os direitos da prova bareinita.

"Nós sentimos que o mais importante para o país neste momento é olhar para os interesses nacionais e deixar o GP de F-1 para uma outra data futura", afirmou o príncipe, em um comunicado. "Depois dos eventos da semana passada, nossa prioridade é evitar uma tragédia e fazer do Bahrein um país unido novamente", completou.

Ecclestone lamentou a decisão.

"É triste, mas nós queremos ver toda a nação bem", disse o dirigente da F-1. "A hospitalidade das pessoas do Bahrein é uma marca do GP. Mas olhamos para a frente e esperamos que Bahrein volte logo [ao calendário da F-1]", completou Ecclestone.

 

  Bryn Williams-31.marc.2004/AP   Vista aérea do circuito de circuito de Sakhir, onde seria realizada a etapa de abertura da F-1

DIVISÃO

Antes da decisão oficial, as equipes e pilotos estavam divididos. Alguns, como Mark Webber, acreditavam que a prova não deveria acontecer, enquanto outros, como Sebastian Vettel, apostavam que a decisão que a F-1 tomar será a mais apropriada.

Primeiro país do Oriente Médio a receber a F-1, o Bahrein deixa de receber o evento pela primeira vez desde 2004 devido às manifestações políticas na região.

Com a decisão, o Bahrein entrou para um seleto grupo de países que tiveram suas provas canceladas na F-1. E isso porque a categoria não se "entrega" nem mesmo para catástrofes como o 11 de Setembro.

Insegurança e crise financeira são as principais causas para se cancelar um GP.

Esses foram os motivos apresentados pela Argentina em algumas oportunidades a partir de 1960. Inicialmente, a ausência coincidiu com o encerramento da carreira de Juan Manuel Fangio, vencedor de cinco campeonatos, e o final do governo Perón.

A Argentina sediou o Mundial de 1972 até 1975. Em 1976, teve a prova cancelada por falta de segurança.

Voltou ao calendário no ano seguinte e ficou até 1982, quando abriu mão da F-1 por causa da Guerra das Malvinas. Voltou a sediar uma prova 13 anos depois, mas em 1999 teve seu GP cancelado devido à crise financeira.

O mesmo aconteceu com Magny-Cours, na França, que deixou de abrigar um GP em 2009 por causa de problemas financeiros. Desde então, está fora do calendário.

Em 1983, o GP de Nova York foi cancelado a pouco mais de três meses de sua realização por falta de estrutura. Acabou substituído pelo recém-criado GP da Europa, em Brands Hatch.

Por outro lado, nem mesmo o atentado terrorista aos EUA, em 2001, ou a morte da princesa Diana, em 1997, alteraram a agenda da F-1.

O primeiro não provocou o cancelamento da corrida em Indianápolis, 19 dias depois do atentado. O segundo não atrasou um minuto o treino do GP de Monza, que era no mesmo horário do funeral.