Diário MS | 21 de fevereiro de 2011 - 12:00

Regras podem "frear" financiamentos habitacionais

Muitas famílias poderão ver o sonho da casa própria ficar ainda mais distante. Isto porque a Caixa Econômica Federal implementou uma série de restrições para financiamento no programa “Minha Casa, Minha Vida”, do governo federal. Entre elas, passa a ser proibida a concessão do crédito imobiliário para imóveis que ficam em bairros sem asfalto e abastecimento de água, energia elétrica, esgoto pluvial e sanitário.


Com as novas regras, a população de baixa renda, que seria o foco do programa, deve ser a maior prejudicada. “Os terrenos são supervalorizados em Dourados. O preço aqui é absurdo e fica acima do mercado nacional. Assim, gastando a maior parte do dinheiro no terreno, a construção fica prejudicada”, coloca o corretor de imóveis e colaborador da Adei (Associação Douradense das Empresas Imobiliárias), Gilmar Matias das Graças.


A categoria acredita ainda que as medidas adotadas pela Caixa possam gerar uma queda na adesão do financiamento habitacional. “Mesmo subindo o teto para R$ 100 mil não veremos uma melhora significativa em Dourados. A dificuldade será a mesma, já que o terreno em um local pavimentado é bem mais caro do que em uma rua sem asfalto”, coloca o corretor de imóveis, Luiz Antônio Masson.


Segundo profissionais da área de construção, hoje, não é possível encontrar um terreno com valor inferior a R$ 45 mil em locais pavimentados de Dourados. Há alguns que arrisquem ainda que o preço mínimo fique em torno de R$ 60 mil na cidade. “Com isso, a verba é muito pouca para construir”, afirma Masson.


Outra preocupação é a falta de terrenos que atendam as exigências da Caixa. “Com a expansão da construção civil, é muito difícil encontrar terrenos que atendam às novas regras e tenham um preço acessível. O que pode gerar uma dificuldade ainda maior para quem quer construir com o financiamento do programa”, destaca Luiz Masson.

VALORIZAÇÃO

De acordo com o corretor Gilmar Matias das Graças, as mudanças devem gerar a valorização dos terrenos pavimentados e baixar os preços dos terrenos sem asfalto. “Infelizmente é uma regra de mercado. Com a medida, os terrenos localizados na periferia da cidade devem ficar com preços mais baixos e os que atendem às mudanças acabam se valorizando”, afirma.


Para o corretor Luiz Masson, os terrenos em ruas sem pavimentação que estavam cada vez mais valorizados, com a alta procura do programa “Minha Casa, Minha Vida”, agora devem sofrer uma desaceleração nos preços. “Estas regiões tiveram uma alavancada, principalmente, depois do programa. Agora a tendência é de que a movimentação diminua”, ressalta.

CAIXA

Em nota, a CEF alega que as exigências prevaleciam desde o lançamento do Programa “Minha Casa, Minha Vida”. Já quanto à nova regra, a Caixa informa ainda que afeta apenas os empreendimentos produzidos com recursos próprios das empresas e empreendedores, nos casos em que se pretenda financiar a comercialização ao beneficiário final por meio do programa.


“A medida tem por fim garantir a qualidade e as condições de habitabilidade dos imóveis e, portanto, visa a resguardar os interesses das famílias que adquirem essas moradias”, finaliza a nota. Os contratos assinados anteriormente pela Caixa, que se encaixam neste caso, não seriam afetados.


Com as mudanças, a expectativa da Caixa de Mato Grosso do Sul de atingir R$ 1,3 bilhão em financiamentos em 2011 pode ser prejudicada. No ano passado, do pouco mais de R$ 1 bilhão financiado, R$ 738,5 milhões foram em unidades do programa “Minha Casa, Minha Vida”.

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