Veja | 15 de fevereiro de 2011 - 09:24

Dilma quer fixar mínimo a R$ 545 para "acalmar" mercado

Para convencer o mercado de que o Planalto está realmente disposto a promover cortes nos gastos públicos, a presidente Dilma Rousseff acredita que é imprescindível a aprovação do valor do salário mínimo a 545 reais. De acordo com a edição desta terça-feira do jornal O Estado de S. Paulo, foi isso o que Dilma disse a ministros do governo em reunião na segunda-feira.

A presidente avalia que os agentes financeiros precisam saber de que maneira o governo pretende economizar dinheiro para acreditarem que o corte de 50 bilhões de reais no Orçamento sairá de fato. Durante a reunião, segundo o jornal, Dilma falou a respeito da necessidade de demonstrar segurança ao mercado. Fixar o piso do trabalhador a 545 reais, portanto, tornou-se uma questão de honra para o Planalto.

Outro motivo pelo qual o Planalto elegeu o salário mínimo como a âncora fiscal dos primeiros meses de governo Dilma é a expectativa de que a taxa básica de juros da economia, a Selic, chegue a 12,5% ao ano até junho. Hoje os juros chegam a 11,25% ao ano. Membros do Banco Central já avaliam que, se atualmente a preocupação é frear o consumo, até o fim do ano o governo estará preocupado com a desaceleração da economia.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, terá uma reunião nesta terça com parlamentares para explicar a proposta do governo para o mínimo. Mantega falará a uma comissão composta por deputados e representantes de empresários e centrais sindicais. O Congresso vota na quarta-feira o projeto proposto pelo governo que fixa o benefício em 545 reais.

O líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), afirma que pelo menos cinco partidos já acordaram com o valor proposto pela equipe econômica do governo: PT, PMDB, PR, PP e PTB. Segundo ele, o PCdoB e o PSB teriam indicado uma resposta favorável aos 545 reais, mas não se tem garantia de que todos os parlamentares da base irão votar a favor do projeto. A pedra no sapato do governo continuaria sendo o PDT que, apoiado pelas centrais sindicais, reivindica um mínimo no valor de 580 reais. Representantes das centrais realizarão, também nesta terça-feira, uma mobilização no Congresso a favor do maior reajuste.